A mudança da hora
27-03-2019 - 06:10

Esperemos que António Costa contribua para vetar, no Conselho Europeu, a proposta de acabar com a mudança da hora na UE. O primeiro-ministro já afirmou discordar do horário único.

Na noite do próximo sábado para domingo entramos na hora de verão, adiantando 60 minutos os relógios. Mas há quem queira acabar com isto.

O Parlamento Europeu (PE) aprovou uma proposta para terminar a hora bianual, com início em 2021; a Comissão Europeia (CE) queria que fosse já em 2020. A medida destina-se, dizem, a salvaguardar o bom funcionamento do mercado interno. Ou seja, de Portugal aos países bálticos deixaria de haver mudanças de hora.

Na UE existem três fusos horários: a hora da Europa Ocidental ou Tempo Médio de Greenwich (Portugal continental, Irlanda e Reino Unido), a hora da Europa Central (17 Estados-membros), e a hora da Europa Oriental (Bulgária, Chipre, Estónia, Finlândia, Grécia, Letónia, Lituânia e Roménia).

Os Estados Unidos têm 5 fusos horários. Da costa Leste para a costa Oeste há cinco horas de diferença. O que leva a que se conheçam as primeiras estimativas eleitorais de Nova York, Boston, etc., quando na Califórnia ainda se vota. O que em Portugal leva à proibição de revelar estimativas no Continente e na Madeira até as urnas encerrarem nos Açores, uma hora depois. Os EUA poderiam seguir este exemplo.

Na maioria dos Estados americanos existe mudança da hora. E o mercado dos EUA não parece preocupado com a diversidade horária.

Em outubro passado o primeiro-ministro, António Costa, defendeu, e bem, que Portugal deve manter o atual regime bi-horário e ter uma hora de verão e uma hora de inverno, considerando que "o bom critério e único é o critério da ciência". Ora o Observatório Astronómico de Lisboa elaborou em 2018 um relatório, concluindo que Portugal deve manter uma hora de verão e uma hora de inverno.

O Conselho Europeu terá, ainda, que aprovar esta proposta. Espero que A. Costa contribua para a vetar no Conselho. Porque não mudar a hora apresenta inúmeros inconvenientes, até para a saúde das pessoas.

“Termos um horário de inverno e de verão é benéfico para a maioria das pessoas”, afirmou o astrónomo Rui Agostinho, diretor do referido Observatório. “Porquê? Aproveitam-se mais as horas de sol (até em atividades de lazer e culturais ao ar livre), por exemplo. Já as perturbações de sono com a atual mudança da hora não serão significativas”.

Tanto a CE como o PE têm outros e bem mais importantes problemas para tratar.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus