António Monteiro, antigo embaixador de Portugal junto da ONU, diz entender as reservas de Kiev em comparecer na mesa de negociações com Moscovo, depois de os russos de forma unilateral marcarem o local das conversações e não pararem os bombardeamentos.
“Percebo as hesitações que possa haver do lado ucraniano. Aparentemente os russos determinaram que as negociações começavam hoje num sítio predeterminado onde eles estavam à espera que aparecesse a delegação ucraniana”, descreve o antigo embaixador.
António Monteiro não acha que necessariamente tivesse de haver um mediador, mas não é normal “um ‘diktat’ russo que diga eu quero as negociações aqui quando eu entendo. As negociações muitas vezes são um paliativo”.
Este diplomata considera que a Rússia faz uma aparência de negociações “que até enfraquece a disposição de resistência do seu opositor ao mesmo tempo que mantém uma ofensiva militar muito forte”.
“Percebo que os ucranianos exijam um cessar-fogo”, conclui.
A Rússia voltou hoje a ameaçar Ocidente. Sergey Lavrov, o chefe da diplomacia da Rússia, avisou a Casa Branca de que a única alternativa às sanções seria uma guerra nuclear devastadora.
“São afirmações que não honram um diplomata experiente como é Sergei Lavrov. É esticar a corda até ao fundo, ameaçar com a questão mais grave para a humanidade que é uma guerra nuclear”, qualifica.
Para António Monteiro a “Rússia está isolada”.