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Jovens de Portugal, Egito e Turquia admitem que a pandemia de Covid-19 teve “um forte impacto nas suas rotinas quotidianas e nos seus planos de viagens futuras”.
O estudo realizado com jovens dos três países mostra também que “os jovens portugueses são os que menos aceitam as medidas restritivas impostas pelo Governo”.
Segundo Cláudia Seabra, investigadora principal do estudo e docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), o trabalho desenvolvido “fornece um novo e importante caso de estudo transcultural sobre a influência dos comportamentos relativos às medidas de segurança nas rotinas diárias e planos futuros das gerações mais jovens residentes em três mercados turísticos recetores muito importantes na região mediterrânica”.
De uma forma global, o estudo conclui que a pandemia teve um forte impacto nas perceções de segurança na vida quotidiana dos jovens residentes nos três países.
“Existe uma opinião unânime sobre a urgência de alteração das suas rotinas diárias e planos futuros de viagem, tal como a crença de que cidadãos e turistas são vítimas potenciais da doença. Contudo, os resultados provam também que, ainda assim, os portugueses sentem-se menos nervosos com a ameaça em comparação com turcos e egípcios”, afirma a investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra.
Menor preocupação com a doença, maior dificuldade em aceitar distanciamento social
No que concerne às medidas e restrições impostas pelos respetivos governos em contexto da pandemia, em geral, os jovens residentes nos três países concordam com a sua imposição.
Ainda assim, Cláudia Seabra assinala que as medidas adotadas tiveram impactos diferentes nos Millennials (nascidos entre 1980 e 1994) e geração Z (nascidos entre 1995 e 2015) dos três países.
“Os residentes na Turquia apresentam níveis de concordância mais elevados e preocupam-se mais com a doença do que os egípcios e os portugueses. Em contrapartida, os jovens portugueses sentem-se menos confortáveis com as medidas restritivas porque estão menos preocupados com a doença. Este facto confirma a existência de padrões de descuido e uma certa dificuldade em aceitar o distanciamento social que os jovens europeus têm de enfrentar nos dias de hoje”, detalha a investigadora.
Já quanto às limitações ou impedimento de entrada de estrangeiros no seu país, são os jovens turcos que apresentam níveis de aceitação superiores aos portugueses ou egípcios.
Esta medida específica revelou ser para os jovens portugueses a dimensão que teve os níveis de aceitação mais baixos, “eventualmente devido ao facto de estas gerações, durante a sua vida, nunca terem testemunhado o encerramento das fronteiras do seu país”, observa.
Já a medida de “controlo e quarentena”, imposta pela maioria dos países, foi mais aceite pelos jovens residentes portugueses e menos pelos jovens egípcios.
“Esta medida foi considerada necessária e a única possível para conter o alastramento da doença; isto pode explicar a elevada aceitação por parte dos jovens portugueses”, refere Cláudia Seabra, acrescentando que “os resultados mostraram que esta medida se revelou muito significativa na relação com a dimensão “Mudança de Rotinas Diárias e Planos de Viagem” para os três países”.
É preciso apostar em comunicação dirigida aos jovens
Para a investigadora, e numa altura em que se questiona o futuro da indústria do turismo, “é fundamental estudar os comportamentos e perceções das gerações mais novas que serão o futuro desta indústria, pois serão não só os futuros consumidores, mas também as comunidades de acolhimento dos turistas nos seus países de origem”.
Cláudia Seabra defende ainda a aposta “numa comunicação específica adaptada a estas gerações que acreditam que poderão contrair a Covid-19, mas demonstram uma baixa preocupação com a doença e dificuldades em aceitar algumas medidas de restrição pelo impacto que têm nas suas vidas sociais”.
“Especialmente num momento em que os níveis de contágio registam uma nova subida em Portugal, sobretudo nas idades mais jovens, importa perceber como chegar a estes indivíduos que têm tido uma responsabilidade tão grande na difusão da doença devido aos seus comportamentos sociais e que ainda não estão vacinados”, detalha a investigadora da Universidade de Coimbra.