A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) apela à solidariedade para com as vítimas do ciclone Freddy e relata um cenário de destruição em Quelimane, a capital da província da Zambézia.
Em entrevista à Renascença, D. António Juliasse, bispo de Pemba e secretário-geral da CEM, adianta que “muitas famílias ficaram sem abrigo e vivem ao relento, ou estão temporariamente acolhidas em escolas básicas”.
O bispo refere que “em Quelimane, não há comida e a cidade ficou também sem água potável e sem eletricidade”.
“Há imensas casas destruídas, campos de cultivo totalmente destruídos e também muitas infraestruturas ficaram destruídas, as pessoas ficaram sem nada”, reforça.
Associado às consequências do ciclone, “o Ministério da Saúde de Moçambique já alertou para o aparecimento de um surto de cólera”, na região.
De acordo com o bispo de Pemba, o Instituto Nacional de Gestão e redução de Risco de Desastres atualizou o número de mortes na sequência do temporal, apontando agora para 143 vítimas.
A CEM emitiu um comunicado em que apela à solidariedade, sobretudo pede apoio internacional porque “é muito urgente dar de comer a toda aquela população” que “perdeu tudo o que tinha nos seus celeiros porque as águas invadiram tudo deitando por terra a esperança de fazerem alguma colheita”.
“Estamos a fazer também apelos internacionais, porque para além de uma mão imediata; as pessoas vão precisar de outras ajudas para aguentar até à próxima campanha agrícola, até ao próximo ciclo de produção”, lê-se no documento.
Segundo D. António Juliasse a ajuda disponibilizada não vai ser suficiente, sobretudo para quem está no terreno, como a Cáritas.
“Se a Cáritas não tiver quem a ajude também não poderá chegar aos que mais precisam, para que as pessoas não venham a morrer por causa da fome”, diz o bispo.
Um mês depois do ciclone muitas zonas continuam submersas, e a população de Quelimane continua com eletricidade. D. António Juliasse refere que o hospital local também foi afetado pela intempérie.
“Aquilo que eu recebi do bispo de Quelimane mostra que a situação é ainda desoladora e vai exigir algum tempo para que tudo se restabeleça na cidade, pois o nível de destruição foi imenso e também as instituições governamentais na cidade foram afetadas, inclusive o próprio hospital provincial ficou muito visado com esta situação”, adianta o prelado.
Nestas declarações à Renascença, a partir da capital Maputo, D. António Juliasse fala de imagens de “igrejas destruídas, praticamente sem teto, em que vai ser preciso bastante tempo para a sua reconstrução”.