Vitória diplomática de Paris. O Presidente da Rússia e o Presidente dos Estados Unidos concordaram com a ideia de realizar uma cimeira sobre a segurança e estabilidade estratégica na Europa, por proposta do Presidente francês. Emmanuel Macron propôs que o encontro seja primeiro entre Vladimir Putin e Joe Biden, para depois se estender a todas as partes envolvidas: a Ucrânia e os separatistas apoiados por Moscovo.
Em Kiev, a jornalista da SIC
Irina Shev, em serviço especial para a
Renascença, refere que entre os ucranianos paira a dúvida em relação a
mais este esforço diplomático.
Apesar de ser vista com muitos bons olhos, e as pessoas terem bastante esperança, ninguém acredita que será desta que as coisas vão ficar resolvidas.
"Porque se de facto acontecer alguma coisa, não será ninguém da NATO nem dos países Ocidente que virá ajudar a defender as fronteiras ucranianas. Em termos humanos, serão os ucranianos a fazê-lo", diz a jornalista, que acrescenta que neste caso, é ver para crer. Ainda para mais quando muitos admitem ter duvidas sobre a aplicação de sanções contra a Rússia em caso de invasão.
"Não têm assim tanta certeza de que as sanções venham a ser aplicadas. O conflito decorre desde 2014. Nessa altura é que tudo podia ter ficado resolvido", assinala.
Irina Shev lembra ainda que os bombardeamentos no leste do país - mais de 1.500 contra posições ucrânianas, este fim de semana - não são uma novidade. Nos últimos oito anos, registaram-se picos de conflito idênticos.
"No Verão de 2020, também houve números assim tão elevados. Antes disso, só em 2014 e 2015. Essa altura foi mesmo a pior do conflito entre separatistas pró-russos e o governo de Kiev".
Por isso, os bombardeamentos recentes assustam as pessoas. E quem fica não é porque quer ou porque gosta de viver a vida no limite. "É porque as pessoas têm ali as vidas delas e se calhar não têm muito dinheiro para estar a ir para outros sítios", diz.
Já na capital, houve quem tivesse abandonado Kiev devido aos receios de um conflito. "Muitas pessoas acabaram por sair daqui ou tirar os filhos daqui", adianta Irina Shev. As aulas, devido à pandemia, são feitas à distância, e por isso, os mais novos foram enviados para casa de familiares junto à fronteira com a Polónia.
" Só os pais ficam, porque têm mesmo de trabalhar", reforça.
Quem também fica é a maioria dos cidadãos ocidentais que vivem na Ucrânia. E alguns dizem-se até dispostos a "pegar em armas para estar ao lado dos ucranianos, em caso de invasão russa".