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O presidente da Câmara da Moita diz que a construção do futuro aeroporto do Montijo não deve avançar. É o que defende Rui Marques Garcia, no dia em que o estudo de impacto ambiental dessa obra entra em fase de consulta pública.
No documento, são apontados como aspetos negativos o ruído e o impacto do empreendimento na avifauna, isto para além de citar riscos relacionados com o perigo de acidentes com aves e também com tanques de combustível.
Depois de a ANA- Aeroportos de Portugal ter recebido a luz verde da Agência Portuguesa de Ambiente, surgem as críticas aos impactos negativos antecipados para os concelhos do Barreiro e da Moita.
Em declarações à Renascença esta segunda-feira, o autarca da Moita reconhece que a expansão do aeroporto de Lisboa é importante para dar resposta ao crescimento turístico, mas defende que o aeroporto do Montijo é uma solução precipitada.
"É uma solução que sai mais confortável para a ANA, a empresa de gestão dos aeroportos, mas que não é uma solução para o país", diz Rui Marques Garcia (CDU).
"Daqui por 20 anos, para além de termos todos os impactos negativos no imediato, vamos estar confrontados de novo com a necessidade de expansão aeroportuária, enquanto que, com a construção em Alcochete, não temos os impactos negativos, temos o futuro garantido e temos uma solução que vai permitir, ao longo de muitos anos, continuar a dar as respostas necessárias para o crescimento do turismo."
O estudo de impacto ambiental do novo aeroporto do Montijo prevê medidas para minimizar os impactos negativos que alegadamente permitem viabilizar o projeto. No entanto, o presidente da Câmara da Moita considera que há consequências incontornáveis.
"É uma má solução para o país, para a região e para o concelho da Moita. Aquilo que vejo como praticamente impossível é que o estudo de impacto ambiental aponte soluções mitigadoras", refere à Renascença. "Há coisas que são impossíveis de mitigar como o ruído do avião, o ambiente numa zona de avifauna como aquela, é impossível de mitigar. Continuamos a apostar que esta solução não pode ir à avante."
Barreiro confia no estudo mas remete decisão para depois
A opinião não é partilhada pelo autarca do Barreiro, que destaca, sobretudo, as vantagens que o novo aeroporto do Montijo poderá trazer à população local.
"Não nos podemos esquecer que um investimento e uma infraestrutura como esta têm um impacto importante no que diz respeito a uma maior dinâmica económica e, acima de tudo, a algo que a margem sul e o Barreiro necessitam: a criação de emprego”, explica à Renascença Frederico Rosa (PS).
“O Barreiro fica a 800 metros do novo aeroporto e, nessa distância, incluem-se os territórios da antiga CUF e os territórios industriais de logística e serviços que são do Estado e que têm de estar ao serviço da criação de emprego”, acrescenta.
Além desta potencial vantagem, o presidente da Câmara do Barreiro lembra ainda que do Plano Nacional de Investimento 2030 fazem parte duas pontes rodoviárias entre o Montijo, Barreiro e Seixal, uma medida que vai “dinamizar toda a margem sul” e ajudar à "redistribuição do trânsito".
Apesar das declarações, o executivo camarário do Barreiro ainda está a analisar o documento e só mais tarde tomará uma posição pública.
[Atualizado às 14h40]