As consultas e as primeiras consultas de apoio intensivo à cessação tabágica mais do que duplicaram entre 2010 e 2018, revelam dados oficiais divulgados nesta segunda-feira.
Em 2010, realizaram-se no Serviço Nacional de Saúde (SNS) 19.620 consultas, número que subiu para 44.099 em 2018, o que representou um aumentou de 124,77%, segundo o Relatório Anual de Acesso a Cuidados de Saúde nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas.
A mesma tendência foi verificada nas primeiras consultas de apoio intensivo à cessação tabágica, que subiram de 4.917 (2010) para 12.961 (2018) – um aumento de 163,5%.
Comparando o ano de 2018 com 2017, verificou-se um acréscimo de 10,9% nas consultas realizadas em Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) e serviços hospitalares, passando de 39.763 para 44.099.
Observou-se também um aumento de 12,7% nas primeiras consultas no ano passado (12.961) comparativamente com 2017 (11.493), adianta o relatório divulgado hoje pelas autoridades de saúde, acrescentando que cresceu o número de locais de consulta ao nível dos ACES e das unidades hospitalares do SNS.
O relatório salienta ainda que, no âmbito da comparticipação a 37% pelo SNS para o medicamento de primeira linha para o tratamento antitabágico (vareniclina), assistiu-se, em 2018, a um aumento de 17% das embalagens dispensadas no mercado comparticipado do SNS em farmácia comunitária.
Tabagismo: um problema de saúde prioritário
O Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo foi criado em 2012 para prevenir e controlar aquele que, já na altura, foi considerado um problema de saúde prioritário: o tabagismo.
Em 2017 (último ano com dados disponíveis), segundo estimativas elaboradas pelo Institute of Health Metrics and Evaluation, morreram em Portugal cerca de 13 mil pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco, ou seja, uma morte a cada 40 minutos.
Com o intuito de aumentar a expectativa de vida saudável da população portuguesa e reduzir as desigualdades em saúde, o programa nacional assume como principais objetivos, até 2020, reduzir a prevalência de fumadores na população com 15 ou mais anos para um valor inferior a 17%.
Pretende também travar o aumento do consumo de tabaco nas mulheres e eliminar a exposição ao fumo ambiental do tabaco.
Mais recaídas e novos dependentes de álcool e drogas
O número de doentes dependentes de álcool ou drogas seguidos nos Centros de Respostas Integradas (CRI) baixou no ano passado, mas subiram os novos casos e os de utentes readmitidos, revela o relatório divulgado nesta segunda-feira.
De acordo com o documento, baixou o número total de utentes seguidos nas unidades locais responsáveis pelos cuidados especializados em Comportamentos Aditivos e Dependências CAD), atingindo os 13.422 para problemas ligados ao álcool (13.828 em 2017) e 25.582 para outras substâncias psicoativas (27.150 em 2017).
Contudo, o documento salienta que "os números de novos utentes e de utentes readmitidos nos CRI contraria esta tendência, evidenciando acréscimos quer no que concerne aos Problemas Ligados ao Álcool (PLA), quer relativamente a utentes com morbilidade associada ao uso de outras substâncias psicoativas ilícitas (OSPA)".
O Relatório Anual de Acesso aos Cuidados de Saúde nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas relativo a 2018 indica que foram acompanhados nos CRI para problemas relacionados com o álcool 3.403 novos utentes (3.352 em 2017) e foram readmitidos 1.202 utentes (1.047).
Em relação à dependência de outras substâncias psicoativas foram acompanhados no ano passado 1.858 novos casos (1.769 em 2017) e readmitidos 1.603 (1.538).
O relatório sublinha os programas em curso a nível nacional nas várias áreas de intervenção (Prevenção, Redução de Risco e Minimização de Danos, Tratamento e Reinserção), sobretudo o Programa de Troca de Seringas, que permitiu a troca de mais de 58 milhões de seringas desde o seu início até 2018.
Destaca ainda os Programas de Substituição de Heroína por Metadona, frisando que "têm um papel fundamental na diminuição dos consumos e a aproximação dos utentes aos cuidados e aos profissionais de saúde".
Refere ainda que foram seguidos em CRI em 2018 um total de 2.728 crianças e jovens em risco, 1.242 novos casos (1.319 em 2017) e 165 readmitidos (182).
Segundo os dados hoje divulgados, os episódios de internamento nas unidades de desabituação baixaram em 2018 para 1.251, dos quais 630 relativos a pessoas com problemas ligados ao álcool e 613 relacionados com outras substâncias psicoativas ilícitas.