Bastonário da Ordem dos Médicos diz que o concurso anunciado pela ministra da Saúde não vai colocar mais médicos no Serviço Nacional de Saúde. À Renascença, Miguel Guimarães explica que esses clínicos ficaram no SNS depois de terem concluído o internato e estão à espera de uma vaga para fazer carreira.
“O concurso que vai existir é um concurso para jovens especialistas, que acabaram o internato médico e estão todos no Serviço Nacional de Saúde, estão todos neste momento já a fazer urgências na obstetrícia/ginecologia, portanto, não é um reforço externo, mas interno – no fundo, é contratar as pessoas que se acabaram de formar como especialistas”, esclarece.
Miguel Guimarães explica ainda que quando os jovens “acabam a especialidade, é publicado que já são especialistas, passaram num concurso público. A partir daí, deviam começar a ganhar como especialistas, mas não – continuam a ganhar como internos até fazer concurso para entrarem como assistente”.
Mesmo assim, o bastonário considera que a medida anunciada pela ministra Mata Temido é positiva, para que estes médicos não fujam para o estrangeiro ou para o setor privado enquanto esperam pelo concurso.
A questão da remuneração é importante. A Ordem dos Médicos fez uma proposta ao Governo e está confiante de que será acolhida.
“Se nós alterarmos o ponto 4 deste despacho, passa-se a facilitar aquilo que é a contratação de serviços dos próprios médicos do próprio hospital, sendo que, ao fazerem isto, também a remuneração passa a ser semelhante – ou igual digo eu – àquela que se paga aos prestadores de serviços, que é bastante superior àquela que se paga às pessoas que trabalham no SNS. Estou a falar de uma diferença significativa. Significativa e justa”, afirma Miguel Guimarães.
No entender do bastonário, não é possível “motivar as pessoas do SNS a fazer uma coisa importante e, ao mesmo tempo, desprezá-los completamente e a dizer 'a estes tipos que até vêm de fora e que vão fazer uma prestação de serviços vou pagar 40 euros à hora; a vocês, pago 17'. Não funciona. Não é motivador, não é uma boa política de gestão de recursos humanos”, sublinha.
É por isso que a Ordem decidiu propor a alteração ao diploma e “a senhora ministra acolheu com agrado e disse que era para implementar a curto prazo. Portanto, esperamos que aconteça”.
Mais crítico do plano apresentado na segunda-feira pela ministra da Saúde mostrou-se a secção do Centro da Ordem dos Médicos, cujo dirigente,Carlos Cortes, considera “absolutamente lamentável e vergonhoso para o Ministério da Saúde, perante todas as dificuldades que nós conhecemos de falta de médicos” só agora avançar com este concurso.