O presidente do "Porto, o Nosso Movimento", Francisco Ramos, afirmou hoje que a remodelação no executivo da Câmara do Porto "em nada belisca" o acordo de governação estabelecido com o PSD, o qual tenciona "cumprir até ao fim".
"Da nossa parte, como foi dito pelo presidente Rui Moreira, esta mexida no executivo em nada belisca o acordo que temos com o PSD", afirmou Francisco Ramos.
A Câmara do Porto confirmou esta quarta-feira que a vereadora com o pelouro dos Transportes, Cristina Pimentel, vai suspender o mandato para se candidatar à presidência do conselho de administração da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP).
O lugar da vereadora no executivo será ocupado pelo antigo vereador da Habitação, Fernando Paulo, que não foi eleito nas últimas eleições autárquicas.
Ao mesmo tempo, será atribuído um pelouro à antiga vereadora socialista Catarina Santos Cunha, que em novembro assumiu o estatuto de independente no executivo.
Em declarações à Lusa, o presidente do movimento independente de Rui Moreira salientou que o acordo é válido por quatro anos e tem "corrido de forma exemplar".
"Estamos muito satisfeitos com o acordo e o PSD também. Da nossa parte, nada muda relativamente a isso. O acordo é claro e da nossa parte tencionamos cumprir o acordo até ao fim e o PSD também", acrescentou.
Francisco Ramos disse ser com "naturalidade" que o movimento encara a suspensão do mandato por parte de Cristina Pimentel e consequentemente, a entrada de Fernando Paulo, o qual tem "uma enorme experiência e conhecimento relativamente à vida autárquica".
É também com "naturalidade" que o movimento vê a atribuição de um pelouro a Catarina Santos Cunha, considerando que a vereadora tem "tomado posições em consonância com as propostas apresentadas para a cidade".
"Parece-nos bem que, estando a Catarina Santos Cunha disponível para fazer parte desta equipa, e em consonância com o nosso programa e propostas, é muito bem-vinda", acrescentou.
Aos jornalistas, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou hoje que, apesar do movimento independente ficar com "maioria" devido às remodelações no executivo, as mesmas "não põem em causa" o acordo de governação estabelecido com o PSD, após as eleições de setembro.
"O acordo tem a ver com determinadas garantias que nós demos ao PSD em função de exigências que nos foram colocadas com base no que era o seu programa eleitoral que temos cumprido, essa matéria não está em risco nem será posta em causa", assegurou.
Aos jornalistas, o autarca rejeitou a existência de "mau estar" dentro do executivo e afirmou que a distribuição dos pelouros será anunciada "em breve", uma vez que está dependente da nomeação de Cristina Pimentel para a presidência da STCP.
Questionado sobre a atribuição de um pelouro à ex-vereadora socialista e não a um dos vereadores do PSD, com quem o movimento tem estabelecido um acordo, o independente afirmou que o partido "sempre afirmou que era oposição e continua a afirmar que é oposição".
"Uma coisa é termos um acordo de incidência parlamentar que foi celebrado com o PSD que nós iremos cumprir e sabemos que eles também. Outra coisa é ter uma oposição dentro da vereação", referiu.
O autarca disse ainda não ver "nenhuma razão" para o PSD ponderar sobre o acordo de governação, salientando que o movimento independente cumprirá "escrupulosamente o acordo".
À Lusa, o líder da concelhia do PSD/Porto, Miguel Seabra, disse hoje ver com "estranheza" a intenção do presidente da câmara atribuir um pelouro à antiga vereadora socialista, adiantando que o partido vai-se reunir "para analisar o destino" do acordo de governação.
Já o vereador do PS, Tiago Barbosa Ribeiro, disse que a intenção do presidente da câmara atribuir um pelouro à antiga vereadora socialista era "algo já esperado", considerando que são decisões que fazem parte da "natureza humana" e não de análise política.
Por sua vez, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, lamentou não ter sido informada sobre a remodelação no executivo e considerou que a atribuição de um pelouro à ex-vereadora socialista poderá indicar "falta de confiança" no acordo de governação.
Ouvido pela Lusa, o vereador do BE, Sérgio Aires, afirmou que a atribuição de um pelouro à antiga vereadora socialista torna o executivo do presidente da autarquia "numa maioria de secretaria".