As aulas começam hoje para mais de um milhão de alunos, depois das férias da Páscoa e todos eles vão ficar em casa. Vai ser assim este terceiro período, pelo menos, para os alunos até ao 10º ano. Só os alunos do 11º e do 12º anos é que ainda poderão regressar à escola, a partir de maio, mas tudo depende do evoluir da pandemia de Covid-19.
No arranque do 3º período, diretores das escolas e pais lembram que ter aulas à distância é diferente de um regime presencial e, por isso, pedem abordagens também elas diferentes. O presidente da Associação de Dirigentes Escolares avisa que é impossível fazer o mesmo que no ensino presencial. Manuel Pereira defende que “cada escola vai ter de olhar a sua realidade e tentar trabalhar com os alunos, as competências curriculares que puder, à distância”.
Este dirigente escolar diz ainda que “ninguém esteja à espera que trabalhemos com os alunos tudo aquilo que estava previsto no ensino presencial”. Manuel Pereira explica que “mesmo que tentássemos isso, trabalhar com 20 ou 25 alunos em sala de aula, ou com 20 ou 25 alunos à distância, não é a mesma coisa”. Admite que “dá muito mais trabalho, implica quase fazer um trabalho personalizado e não há tempo para isso, nem é possível fazer isso”.
Por isso, o apelo para que cada estabelecimento de ensino, publico ou privado, faça uso da autonomia dada pelo Ministério da Educação. Uma mais-valia apontada por Rodrigo Queiroz e Melo, director executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), que apela aos colégios que “usem a autonomia para materializarem os projectos educativos”.
Nas orientações enviadas aos colégios, a AEEP pede ainda que deem “muita atenção, porque estarem à distância, não é o mesmo que estar em regime presencial” e, por isso, apela a que “aproveitem esta situação, muitíssimo difícil, para procurar fazer coisas novas e mais interessantes”, defendendo que é “absolutamente fundamental envolver os alunos”.
Pais pedem melhor comunicação com as famílias e que se evitem excessos de trabalhos
Novas estratégias é também o que pedem os pais. Depois das críticas ao excesso de trabalhos no final do segundo período, o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) pede que se melhore a comunicação com as famílias para corrigir os erros.
Jorge Ascensão admite que “há muitas falhas no contacto com as famílias” e defende que “é preciso dialogar para perceber qual é o contexto familiar e que tipo de trabalho é que se pode ir desenvolvendo”.
O líder da CONFAP avisa que “não nos podemos agarrar àquilo que era o programa no início do ano”. Jorge Ascenção defende que “é preciso ir adaptando”.
Já para os alunos, as aulas à distância não assustam, mas quem vai a exame pode sentir-se menos confiante, como reconhece o presidente da Federação das Associações de Estudantes do Ensino Básico e Secundário.
Ainda assim, Hugo Barreto acredita que “os alunos não vão mais mal preparados, porque são alunos já com um grande grau de autonomia”. Este responsável estudantil defende que “o fato de se estar em casa, ajuda a estar concentrado e que, por isso, aumenta a produtividade”. Hugo Barreto admite que os alunos deixam de estar a pensar que estão na escola, para pensar que “estou no meu espaço” e lembra que ter aulas à distância “não os afecta, porque é uma geração que domina as tecnologias sem precisar de manuais”.
O terceiro período estende-se até 26 de junho para todos os níveis de ensino.