A Arquidiocese de Braga vai disponibilizar um serviço de acompanhamento psiquiátrico, psicoterapêutico e espiritual às vítimas de abuso sexual. Numa carta dirigida ao povo de Deus, divulgada esta quinta-feira, o arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, apela à denúncia e informa que a comissão diocesana já escutou 28 pessoas, desde que foi criada em 2019.
“É hora de decidir e agir, como pede o Papa Francisco, afirmando que 'não basta pedir perdão às vítimas'", escreve o prelado, admitindo que no passado houve “desvalorização, encobrimentos ou silenciamentos”.
“Reconhecemos que os abusos sexuais não foram tratados como prioridade, arrastando consigo erros, omissões e negligência. Reconhecemos, ainda, que nos últimos dias, houve mensagens confusas e contraditórias e equívocos de comunicação sobre o modo de agir da Igreja perante este flagelo hediondo. Por tudo isso, pedimos perdão”, afirma D. José Cordeiro, numa mensagem que é também assinada pelos bispos auxiliares, D. Nuno Almeida e D. Delfim Gomes.
Na mesma carta, D. José Cordeiro adianta que a arquidiocese irá elaborar um “Diretório para um Ambiente seguro”, destinado a todos os que trabalham nas suas instituições, incluindo seminários, colégios, paroquias e centros sociais. Serão também implementados programas de formação permanente “que capacitem para a identificação precoce de possíveis casos de abuso e para a elaboração de mapas de risco, definindo também procedimentos”.
“Precisamos, como Igreja, de reforçar uma nova consciência sobre o poder de cada um para saber ouvir e ler os sinais de alerta”, sublinha o prelado.
Oração pelas vítimas
Seguindo as diretrizes da Conferência Episcopal, D. José Cordeiro indica ainda que está a ser preparada, para dia 20 de abril, uma jornada nacional de oração por todas as vítimas.
“O “Relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa” (14.02.2023) reforça a responsabilidade de cada um de nós. Somos todos chamados ao firme compromisso de garantir que as atividades pastorais se desenvolvam sempre em ambientes sãos e seguros.”