O presidente da Federação Nacional do Voluntariado em Saúde (FNVS) considera que existe uma desumanização dos cuidados hospitalares.
Em entrevista à Renascença, Carlos Pinto denunciou os obstáculos colocados às ligas e associações de voluntários pelas administrações dos hospitais. “Cada liga, cada associação de voluntários pede ao seu hospital para criar condições para se aceder ao internamento e cada administração do hospital é livre para dizer sim ou não. E depois socorrendo-se das comissões de controlo de infeção e de uso de antibióticos vão tardando na resposta, não dão resposta”.
Ao silêncio de quem gere os hospitais junta-se o mutismo da direção-geral da saúde e da direção executiva do SNS, perante os pedidos dos voluntários para que haja orientações claras sobre como devem agir nos internamentos. “Não temos nunca repostas a perguntas”, garante.
Para Carlos Pinto esta situação conduz à impossibilidade prestar serviço nos internamentos hospitalares. “Não estamos no internamento da maioria dos hospitais nacionais”, lamenta.
Como consequência desse cenário, o presidente da FNVS apontou a falta de cuidados psicológicos que poderiam favorecer os tratamentos médicos. “Os profissionais de saúde fazem um trabalho extraordinário junto dos doentes, mas falta a parte para lá do tratamento médico como é evidente”. A dimensão afetiva e emocional desempenha um papel essencial “porque uma parte psicológica proativa favorece a recuperação, uma fase mais depressiva, obviamente que dificulta a recuperação”.
Carlos Pinto sublinhou ainda o problema dos chamados internamentos sociais. “Pensemos na quantidade de doentes que estão nos hospitais com alta dada e para serem buscados pela família. A própria família reconhece que eles não estão bem, porque lhes falta a parte humanizante, o fator psicológico, que é fundamental e esse trabalho era feito pelos voluntários”, referiu.