As propostas do Ministério da Educação para os professores são "bastante poucochinho", afirmou esta quarta-feira João Dias da Silva, da Federação Nacional da Educação (FNE), no final de uma reunião com o ministro João Costa.
"É poucochinho. O que dissemos ao ministro da Educação é que isto ainda é bastante poucochinho, mas as negociações fizeram-se para irmos avançando. Hoje, há uma evolução e esperamos que na próxima reunião continue a haver evolução em variadas matérias", sublinhou João Dias da Silva, em declarações aos jornalistas.
O Governo anunciou que pretende vincular dez mil professores em 2024. O líder da FNE considera que o Ministério da Educação tem que ser mais ambicioso para satisfazer as necessidades das escolas.
"Nós achamos que esse número deve ser superior. Mantemos para o ano de 2024 a proposta de vinculação de 14 mil educadores e professores. Achamos que isto corresponde não a um número mágico qualquer, mas àquilo que são as efetivas necessidades das escolas, para acabarmos com o recurso à contratação e à precariedade", defende João Dias da Silva.
Após a reunião desta quarta-feira no Ministério da Educação, o secretário-geral da FNE declarou que só haverá estabilidade quando as escolas tiverem nos seus quadros os professores de que precisam para funcionar.
"Há a questão dos quadros de zona pedagógica, caiu a lógica de concursos quinquenais. Desapareceu a lógica de que só haveria concursos de cinco em cinco anos, porque o objetivo é completar os quadros de escola e de agrupamento de escola. Só temos estabilidade quando as escolas têm nos seus quadros os professores de que precisam para funcionarem. Isto vai impedir genericamente quando chegamos a julho que as escolas tenham que pedir ao Ministério mais professores para poderem abrir as aulas no mês de setembro. Se as escolas têm nos seus quadros os professores de que precisam, esta é a guerra, a luta, o objetivo da FNE ao longo dos últimos anos", salientou.
Ainda não há data para nova reunião, mas a Federação Nacional da Educação considera que é "continuar e apostar na negociação" com o Ministério da Educação.
A FNE vai apresentar na próxima semana um documento com novas contrapropostas e "é evidente que nós não deixaremos de dar expressão à insatisfação dos professores", assinala João Dias da Silva.
Questionado porque é que a FNE não convocou greves, como outros sindicatos, João Dias da Silva admite partir para outras formas de luta, após a aposta no processo negocial.
"A FNE pondera estabelecer outros mecanismos de afirmação do descontentamento dos professores, por si. Deixem-nos estudar [quais são]. Nós apostamos na negociação até agora e estamos a ponderar também dar sustentabilidade à lentidão que nós não podemos aceitar", declarou João Dias da Silva.