A Associação de Defesa do Consumidor (Deco) regista desde setembro um crescente número de queixas de famílias que estão a ser chamadas a pagar as prestações de crédito pessoal (consumo, automóvel, entre outros).
“Desde setembro a esta parte que já estamos a assistir a famílias que são confrontadas com o fim das moratórias relativamente aos seus créditos pessoais e cartões de crédito”, diz à Renascença Natália Nunes, da Deco.
A associação não tem números certos sobre o número de famílias que já não estão abrangidas pelas moratórias criadas como medida de apoio, no âmbito da pandemia, mas é certo que é uma tendência que “irá continuar nos próximos tempos”, dado que até junho terminarão todas as moratórias de crédito pessoal.
Natália Nunes refere que já “existem muitas famílias em verdadeiro sufoco financeiro com a incapacidade de retomar o pagamento das suas prestações”.
Mas se as moratórias para o crédito pessoal estão a acabar, Natália Nunes lembra que as famílias que estão em dificuldades ainda podem recorrer à moratória do crédito à habitação.
“Continua a ser o grande balão de oxigénio para as famílias”, diz, recordando que o recurso a esta medida pode ser feito até ao fim de março.
A associação de defesa do consumidor recorda que o fim das moratórias “significa que as famílias vão ter de retomar o pagamento das prestações, independentemente de os seus rendimentos terem ou não já uma recuperação ou terem até perda do seu rendimento”.
O que fazer se estiver à beira do incumprimento?
A Deco aconselha a negociação dos empréstimos com o banco para evitar o incumprimento. O primeiro passo deve ser dado assim que “se apercebem que vão entrar em dificuldades em pagar a prestação”.
“A primeira atitude é entrar em contacto com a instituição de crédito, até porque a instituição de crédito está obrigada por lei a olhar para a situação da família e ver a possibilidade de encontrar alternativas que evite a sua entrada em situação de incumprimento”, refere Natália Nunes.
A Deco apela ainda que “as próprias instituições de crédito sejam sensíveis a este momento” e criem “medidas extraordinárias que verdadeiramente ajudem as famílias”.