O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não tem qualquer informação sobre vítimas portuguesas em resultado do ciclone Idai, que devastou a região centro de Moçambique.
"Até agora, felizmente", não existe "nenhum dado que permita falar em qualquer compatriota falecido", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, no Porto.
O chefe de Estado compreende a situação difícil das pessoas a precisar de ajuda, mas explica que Portugal está a tentar "normalizar" a resposta e apoio a Moçambique, alertando que "atuar num Estado estrangeiro" condiciona também o apoio aos portugueses, com quem foi difícil estabelecer comunicações.
"Temos estado a canalizar as nossas energias. Percebo o que vai na cabeça e coração de compatriotas que passaram e passam pelo que estão a passar. Estamos a tentar normalizar a situação", sublinhou.
O Presidente admitiu que teve vontade de viajar para Moçambique após a passagem do ciclone Idai e que tem falado sobre essa hipótese "com outros chefes de Estado de países da CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa], mas o que resulta dos contactos com o Presidente moçambicano" é que "é prematuro" e, "nesta altura, em vez de ajudar, desajuda".
O balanço provisório da passagem do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbabué e no Maláui aumentou esta sexta-feira para 603 mortos, com a confirmação de mais 51 vítimas mortais no lado moçambicano.
As autoridades de Maputo confirmaram já o registo de 293 mortos, 1.511 feridos e 344 mil pessoas afetadas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que está a preparar-se para enfrentar prováveis surtos de cólera e outras doenças infeciosas, bem como de sarampo, em extensas zonas do sudeste de África afetadas pelo ciclone Idai, em particular em Moçambique.
O ciclone afetou pelo menos 2,8 milhões de pessoas nos três países africanos e a área submersa em Moçambique é de cerca de 1.300 quilómetros quadrados, segundo estimativas de organizações internacionais.
A cidade da Beira, no centro litoral de Moçambique, foi uma das mais afetadas pelo ciclone, na noite de 14 de março.
Mais de uma semana depois da tempestade, milhares de pessoas continuam à espera de socorro em áreas atingidas por ventos superiores a 170 quilómetros por hora, chuvas fortes e cheias, que deixaram um rasto de destruição em cidades, aldeias e campos agrícolas.
Portugal é um dos países que enviaram técnicos e ajuda para Moçambique, com dois C-130 da Força Aérea e dois aviões comerciais fretados pelo Governo e pela Cruz Vermelha Portuguesa.