O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, desvaloriza a mudança da Gebalis - empresa municipal que gere os bairros municipais da cidade -, noticiada pela Renascença, que custa 33 mil e 500 euros por mês de renda.
Apesar de a autarquia ser um dos maiores proprietários de imobiliário do país, a Gebalis mudou-se para um edifício arrendado, mas Carlos Moedas sublinha que essa não é uma prática inédita e adianta que a Câmara “paga muitas rendas”.
“A CML paga muitas rendas. Tem muitos edifícios, mas em vários serviços estamos a pagar rendas. É uma gestão imobiliária que se faz”, respondeu o autarca esta quinta-feira, numa conferência de imprensa sobre habitação.
Moedas fala numa “gestão corrente” e afirma: “Não há aqui nada de extraordinário”, secou Carlos Moedas, em declarações onde divulgou que vai avançar com várias medidas para resolver os problemas na habitação, entre as quais, prometeu voltar à carga com a proposta de isenção de IMT para os jovens em Lisboa, na compra de casas até aos 250 mil euros - proposta que já foi chumbada pela oposição interna, que inclui PS, PCP, Bloco de Esquerda e Livre.
A antiga sede da Gebalis, situada no Bairro Alfredo Bensaúde, pertence à Câmara Municipal. As novas instalações, nas Avenidas Novas, pertencem a um privado e a Gebalis tem por isso um contrato de arrendamento previsto para cinco anos. Se o cumprir até ao fim, a empresa municipal vai gastar mais de dois milhões de euros em rendas.
Ao lado de Carlos Moedas esteve a vereadora com o pelouro da Habitação, Filipa Roseta, que assegurou que a Câmara esteve "um ano a procurar um edifício, que não encontrou" para ser a nova sede da Gebalis e que esta é uma "solução temporária". A vereadora insiste que a autarquia vai "encontrar uma sede permanente".
Antigas instalações vão servir pessoas em situação de sem-abrigo
Nas justificações que dá para esta transição, o presidente da Câmara de Lisboa aponta para a "diferença entre aquilo que se paga, e aquilo que podemos ter de um outro edifício". O quê? Carlos Moedas revela que no antigo edifício, no Bairro Alfredo Bensaúde, vai ser utilizado para receber pessoas em situação de sem-abrigo.
"Vamos conseguir requalifiquá-las para outras funções, por exemplo para as pessoas que estão hoje em situação de sem-abrigo", aponta o autarca, sem concretizar ainda em que moldes vai acontecer esse acolhimento. No início de fevereiro, em resposta à Renascença, a Gebalis já prometia um serviço municipal “de forte índole social” a ser erguido no edifício que até aqui servia de sede.
"Se potencial de um edifício é superior para outra função, nós assim o fazemos", justifica o presidente da CML.
Nas próximas semanas é provável que a Câmara Municipal de Lisboa levante o véu sobre os detalhes desta medida. No dia 6 de março a autarquia concretiza as várias medidas que tem na manga na área da habitação, e também nessa altura deve ser conhecido o plano de acolhimento de pessoas em situação de sem-abrigo.
Câmara insiste que mudança se deu por falta de "condições dignas"
No início do mês de fevereiro, a Gebalis esclarecia, em resposta à Renascença que as antigas instalações “não cumpriam a legislação em vigor no campo da saúde, higiene e segurança no trabalho”.
Esta quinta-feira, Carlos Moedas reforça esse argumento, ao afirmar que a Gebalis "é uma empresa em que as pessoas lidam com situações muito difíceis, trabalham em situações muito difíceis e não têm condições dignas".