Bloco condena “pressão presidencial” na lei de bases da saúde
25-04-2019 - 11:05
 • Eunice Lourenço

“O Serviço Nacional de Saúde (...) manterá a porta aberta para o negócio dos privados, em cedência à pressão presidencial?”, questionou Jorge Falcato na na sessão solene de 45 anos do 25 de Abril.

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Com Marcelo Rebelo de Sousa um degrau acima, o Bloco de Esquerda aproveitou a sessão solene do 25 de Abril para condenar “a pressão presidencial” na revisão da lei de bases da saúde.

“O Serviço Nacional de Saúde pode voltar a andar de cravo ao peito, como Arnaut o sonhou, ou manterá a porta aberta para o negócio dos privados, em cedência à pressão presidencial?”, questionou Jorge Falcato, o deputado escolhido pelo Bloco de esquerda para o discurso deste ano, que também levou à tribuna outro direito em discussão nos últimos tempos: o direito à habitação.

“A lei de bases da habitação chegará a ser uma realidade, plena e de cravo ao peito, ou o direito à habitação ficará a depender da vontade dos especuladores imobiliários?”, perguntou o deputado, para quem celebrar Abril “é um compromisso permanente” e ainda há muito para fazer.

“Há ainda muitos cidadãos e cidadãs de segunda no nosso país. Pessoas a quem são negados direitos humanos tão básicos como o direito à mobilidade, ao emprego, a uma vida digna, a quem são negados direitos humanos unicamente porque são diferentes; que são sujeitas a uma opressão e exclusão social porque têm uma deficiência”, disse o deputado que se move em cadeira de rodas. Como lembrou, Jorge Falcato ficou paraplégico devido a uma bala da PSP quando se manifestava contra uma manifestação de extrema-direita.

“Se a minha presença aqui hoje serve para alguma coisa, é para afirmar que é possível vencer esta opressão e exclusão”, continuou o deputado, que acredita que o espírito de Abril está bem vivo.

“Os estudantes que saíram à rua pela urgência climática são cravos semeados por Abril que se transformam em agentes principais de uma mudança inadiável. As mulheres que se levantam contra a justiça machista, que reivindicam uma plena igualdade de género, são ecos das vozes que rejeitam a submissão e a desigualdade”, continuou Falcato, dando outros exemplos, como “os jovens adolescentes que subiram a avenida da Liberdade para denunciar a violência racista” ou os trabalhadores precários que se organizam.

“A novidade dos dias que correm é que Abril fica mais vivo com todas estas lutas porque este é o verdadeiro espírito que estes cravos carregam. A vontade de um povo que se agigantou nas adversidades e que se junta agora por novas conquistas”, concluiu o deputado bloquista.