As autoridades venezuelanas detiveram, esta terça-feira, duas das principais figuras da oposição ao Presidente Nicolás Maduro. Leopoldo López e Antonio Ledezma estavam em prisão domiciliária e foram levados de casa durante a madrugada, sem que a polícia desse qualquer explicação às famílias.
"Acabam de levar Leopoldo de casa. Não sabemos onde está, nem para onde o levaram. [Nicolás] Maduro é o responsável se alguma coisa lhe acontecer", escreveu Lilian Tintori, mulher de Lopez, na rede social Twitter, onde divulgou também imagens da detenção.
Leopoldo López deixou uma prisão militar perto de Caracas no dia 8 de Julho e foi transferido para casa, em Caracas, por ordem do Supremo Tribunal de Justiça, que justificou a decisão com “motivos de saúde”.
Cumpriu três anos e cinco meses da pena de 14 anos a que foi condenado.
António Ladezma foi detido em Fevereiro de 2015, depois de ter sido acusado de conspiração. Após dois meses na prisão militar de Ramo Verde foi-lhe atribuída "uma medida cautelar que substitui a liberdade" e, por motivos de saúde, foi-lhe atribuído o regime prisão domiciliária.
Na segunda à tarde, divulgou um vídeo a denunciar a fraude constitucional que representou a eleição da Assembleia Constituinte.
Foram ambos novamente detidos pelos Serviços de Inteligência da Venezuela.
As famílias e os partidos a que pertencem já responsabilizaram o Presidente Nicolás Maduro pela integridade física de ambos e asseguraram desconhecer o local para onde foram levados.
Vários representantes da coligação da oposição – Mesa de Unidade Democrática (MUD) – também difundiram no Twitter uma gravação vídeo que mostra elementos do Sebin (serviços secretos) a levar Ledezma de pijama.
Poucas horas antes, o líder do ABP tinha recusado a proposta do chefe de Estado que pedia para a oposição concorrer às próximas eleições locais, previstas para o final do ano.
"Não imagino ninguém que seja leal à luta a inscrever-se, numa fila indiana, para esse Conselho Nacional Eleitoral (CNE), já aguentamos muito com esta CNE que foi protagonista, no domingo, de uma fraude grosseira", referia Ladezma através das redes sociais, pouco antes de ser levado para parte incerta pelos serviços de informações.
Passados quase dois anos e meio depois da detenção, Ladezma ainda não foi condenado.
López esteve na mesma prisão militar durante três anos, tendo sido torturado várias vezes, segundo os seus advogados.
A tensão na Venezuela está no nível mais elevado de sempre depois da eleição, no domingo, da nova Assembleia Constituinte – um escrutínio convocado pelo Presidente e que a oposição considera ser mais um passo para uma ditadura.
A mesma opinião têm os Estados Unidos, que na última noite classificam Nicolás Maduro de "ditador" e, através do Secretário do Tesouro, anunciaram sanções jurídicas e financeiras que incluem o congelamento dos bens de Maduro.
Em Caracas, a reacção foi imediata, com o chefe de Estado a considerar que as sanções impostas pelos Estados Unidos mostram o desespero e ódio por parte de Donald Trump.