Reino Unido regista 529 mortes por Covid-19 num dia, hospitais estão a ficar sem oxigénio
11-01-2021 - 18:49
 • Lusa

"É uma corrida contra o tempo porque todos podem ver a ameaça que o nosso NHS [serviço de saúde público] enfrenta, a necessidade de cuidados intensivos, a pressão em camas com ventilador, até mesmo a falta de oxigénio em alguns sítios”, reconheceu Boris Johnson.

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O Reino Unido registou mais 529 mortes e 46.169 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, divulgou esta segunda-feira o Governo britânico, que admitiu o risco de falta de oxigénio nos hospitais.

O primeiro-ministro, Boris Johnson, reconheceu existir o risco de escassez de abastecimento de oxigénio em alguns hospitais espalhados pelo país devido ao elevado número de infetados internados com necessidade de ventilação.

"É uma corrida contra o tempo porque todos podem ver a ameaça que o nosso NHS [serviço de saúde público] enfrenta, a pressão que tem, a necessidade de cuidados intensivos, a pressão em camas com ventilador, até mesmo a falta de oxigénio em alguns sítios”, vincou.

Atualmente estão hospitalizados 32.294 pacientes com Covid-19, um aumento de 22% face à segunda-feira passada.

O diretor-geral da Saúde de Inglaterra alertou hoje que as próximas semanas vão ser as piores da pandemia de Covid-19 no Reino Unido devido à sobrecarga dos hospitais públicos, os quais estão a cancelar outro tipo de tratamentos devido ao elevado número de infetados com necessidade de internamento.

“Este é o momento mais perigoso que tivemos em termos de números no NHS [serviço nacional de saúde britânico", admitiu Chris Whitty à BBC.

Os hospitais ingleses estão atualmente a tratar 55% mais casos de Covid-19 do que durante o primeiro pico da pandemia em abril.

Whitty salientou a importância de as pessoas respeitarem as regras e minimizarem o número de contactos sociais.

Inglaterra entrou na semana passada num terceiro confinamento nacional que fechou todas as lojas não essenciais, escolas e universidades durante pelo menos seis semanas, tendo o Governo britânico emitido a ordem para que as pessoas fiquem em casa, exceto por motivos essenciais, como fazer exercício e ou compras de supermercado.

Jamie Davies, o porta-voz do primeiro-ministro, disse hoje que as regras permitem que as pessoas possam sair para "se exercitar, não socializar", mas há confusão sobre os limites, como se caminhar com um copo de café pode contar como exercício.

Questionado na conferência de imprensa diária se as pessoas podiam sentar-se sozinhas num banco de parque, o porta-voz disse que teria de confirmar.

Boris Johnson alertou para o risco de “complacência” e defendeu que “mais importante do que simplesmente impor novas regras, as pessoas precisam seguir as orientações”, como o uso de máscaras e respeito do distanciamento social nos supermercados.

O Governo espera que as restrições reduzam a pressão sobre os serviços de saúde públicos, ao mesmo tempo que intensifica um programa nacional de vacinação.

Sete centros de vacinação de grande dimensão em Bristol, Manchester, London, Birmingham, Newcastle, Stevenage e Epsom começaram hoje a funcionar em centros de exposições, estádios de futebol e outras instalações desportivas, como a pista de corridas de cavalos de Epsom, no sul de Londres.

O plano do Governo é estabelecer uma rede de cerca de 1.500 locais de vacinação, desde grandes centros a hospitais, centros de saúde e farmácias e equipas móveis com o objetivo de imunizar cerca de 14 milhões de pessoas até 15 de fevereiro.

Até agora já foram vacinadas com a primeira de duas doses mais de 2,2 milhões de pessoas, a uma média de 200 mil por dia, mas o Governo quer aumentar o ritmo para dois milhões por semana.

Matt Hancock disse no domingo que pretendia que todos os adultos no Reino Unido possam ser vacinados até ao outono.

O Reino Unido é um dos países no mundo mais afetado pela pandemia Covid-19, tendo contabilizado desde o início 81.960 mortes de pessoas infetadas e 3.118.518 casos de contágio.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.934.693 mortos resultantes de mais de 90,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.