A agência da Caixa Geral de Depósitos fechou em maio de 2017 e, desde então, existe uma funcionária que apoia os utentes de Almeida no que for preciso, nomeadamente na utilização da ATM (caixa multibanco).
Não sabem se é uma medida provisória ou definitiva, mas a funcionária lá está, num cubículo ao lado da caixa automática da Caixa, no horário normal de expediente de um banco.
“Apesar do encerramento, ficou uma funcionária para responder às dúvidas dos clientes. É uma funcionária que me ajudou a fazer depósitos em dinheiro através do Multibanco e ajuda as pessoas com a caderneta e cartões de crédito”, explica uma das habitantes de Almeida.
Mas há quem nunca se habitue às caixas automáticas. Pompeu Bento é um deles. O fecho da agência da CGD em Almeida complicou-lhe a vida.
“Entreguei o cartão porque não sabia utilizá-lo. Foi uma barbaridade. Eu não posso ir para Vilar Formoso ou Guarda. Estou de muletas, tenho 83 anos, não me posso deslocar como quero. Recebo 300 euros de reforma, que ficariam no táxi”, lamenta.
Por Almeida, os transportes públicos não abundam e o casal septuagenário Carlos e Maria da Conceição continua revoltado com o fecho da agência da Caixa Geral de Depósitos.
É que Almeida dista cerca de 20 quilómetros da agência mais próxima, em Vilar Formoso. “As pessoas não têm transportes. São 16km e há apenas uma camioneta às 8h20. 100% péssimo, foi um ato indigno”, defendem.
“O pouco que há tiram-no”
Já passou mais de um ano desde o anúncio do encerramento da agência da CGD de Almeida, mas para a população parece que foi ontem. O assunto está longe de estar esquecido e continuam a gritar “Alma até Almeida”.
“Não acho justo que, numa sede de concelho, fechem a agência. O pouco que há cá tiram-no”, denuncia Pompeu. Carlos Fernandes sentencia: “Quando o país der conta, tem um litoral e depois, a partir daí, tem lobos, raposas, javalis e tudo o que sejam bichinhos, sem pessoas”.
O autarca de Almeida não quis prestar declarações gravadas, reiterando apenas que o balcão da CGD que havia em Almeida continua de portas fechadas. Não adiantando mais explicações sobre o tema.
A Caixa Geral de Depósitos vai fechar cerca de 70 agências este ano, a maioria já este mês e nas áreas urbanas de Lisboa e Porto. A redução da operação da CGD, incluindo o fecho de 180 balcões em Portugal até 2020, foi acordada entre o Estado português e a Comissão Europeia como contrapartida pela recapitalização do banco público feita em 2017.
Nesse ano, fecharam as portas 67 balcões, com muita polémica à volta e vários protestos – caso de Almeida.