O porta-voz do grupo de contacto do Livre, Pedro Mendonça, fez hoje um balanço positivo da "primeira reunião" do partido com o primeiro-ministro, mas considerou que os encontros entre a esquerda devem ser "plurais e constantes".
O Livre foi o primeiro partido a ser recebido pelo primeiro-ministro, em São Bento, Lisboa, numa reunião em que o deputado único eleito pelo Livre, Rui Tavares, esteve à distância, por se encontrar em isolamento profilático.
Pedro Mendonça, porta-voz do grupo de contacto (direção) do Livre, em declarações aos jornalistas, referiu que esta foi "uma boa primeira reunião", mas, "mais do que reuniões entre partidos e o Governo, e neste caso o PS, para o Livre a convergência tem que ser mais alargada".
"Uma das coisas que também falámos lá dentro trata-se de um novo modelo de desenvolvimento para o país, que junte contribuições, além do Governo, além do Livre, dos outros partidos de esquerda e dos partidos ecologistas e progressistas. Achamos que essa pluralidade da esquerda e da ecologia é essencial para fazer um bom plano para um novo modelo de desenvolvimento", sustentou.
Acompanhado pelos dirigentes Patrícia Gonçalves e Tomás Cardoso Pereira, Pedro Mendonça insistiu na necessidade de convergência à esquerda, ideia defendida pelo partido durante a campanha eleitoral para as legislativas antecipadas, advogando que estas reuniões devem ser "plurais e constantes".
"E essas reuniões devem ser plurais não pode ser Livre-PS, Bloco-PS, devem ser plurais e devem ser constantes, porque acreditamos que apesar da maioria absoluta, o PS tenderá a atender com mais facilidade, pressionado por isso, se a esquerda - Livre, Bloco, PCP e PAN (não englobando na esquerda por vontade deles), conseguem encontrar pontos em comum para poderem negociar", defendeu.
Questionado sobre se já convidou os outros partidos à esquerda para reuniões, compromisso assumido pelo Livre na campanha, Pedro Mendonça respondeu que os convites foram enviados "no fim da semana passada", mas ainda não tiveram resposta.
O dirigente do Livre frisou que "não há nada que possa sair de uma primeira reunião" e que "tudo terá que ser visto ao longo de meses e de prática", adiantando que abordou com o primeiro-ministro, António Costa, algumas das prioridades do partido.
Entre essas prioridades está o aquecimento das casas em Portugal, o financiamento do Ensino Superior, ou medidas no âmbito do trabalho como "a semana dos quatro dias" ou o "teste-piloto e experimentação do Rendimento Básico Incondicional".
Pedro Mendonça foi ainda interrogado sobre a reunião no Infarmed, em Lisboa, marcada para esta quarta-feira, que junta epidemiologistas e políticos para abordar a pandemia da covid-19, referindo que o tema foi abordado na reunião com o primeiro-ministro, mas que o importante agora é ouvir os peritos.
"Sem ouvir os peritos seria da nossa parte bastante irresponsável estarmos a avançar já com soluções que possamos ter em mente", respondeu.
O primeiro-ministro recebe hoje, em São Bento, os partidos com representação parlamentar, à exceção do Chega, e estará à noite na Comissão Política Nacional do PS, reuniões que visam preparar o novo ciclo político.