O Governo de Passos Coelho terá recusado uma proposta de 700 milhões para comprar o Banif. A notícia do “Público” cita uma carta que até agora não terá sido referida na comissão parlamentar de inquérito, nem consta dos documentos entregues no parlamento.
A proposta terá sido avançada pela Ample Harvest Investment Capital, um fundo com sede em Hong Kong.
Segundo o jornal, na altura, o Governo de Pedro Passos Coelho considerou que a proposta implicava uma perda para os contribuintes de 125 milhões de euros, mas actualmente, o prejuízo pode chegar aos três mil milhões.
Até à venda ao Santader, o Banif ainda devia ao Estado 825 milhões de euros e a Ample oferecia 700 milhões, além e da manutenção dos postos de trabalho no banco e na Açoreana Seguros.
Ainda segundo o “Público”, a proposta foi rejeitada pelos representantes do executivo PSD-CDS na administração do Banif, porque o Governo apostava numa solução no “banco bom” – “banco mau” que em teoria iria permitir valorizar o Banif para posterior venda.
O jornal cita uma fonte da anterior tutela das Finanças e uma fonte não oficial do Banco de Portugal.
O “Caso da Ample” nunca foi referido nas audições que decorrem no parlamento, onde tanto a ex-ministra das Finanças como os responsáveis do Banco de Portugal disseram que apenas receberam cartas com manifestação de interesse pelo Banif e não propostas concretas.
Durante a tarde desta quarta-feira é ouvido na comissão de inquérito o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares.
O Banif foi vendido ao Banco Santander por 150 milhões de euros. Foi decidido ainda dividir o banco insular em dois: a parte "boa" passou para o controlo do banco espanhol e os activos tóxicos transferidos para um veículo de gestão de activos.