O presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal (SPOMMF) considera "profundamente ridículo" o caso da grávida que, no domingo de Páscoa, não foi internada para ter o bebé por falta de vaga em vários hospitais de Lisboa.
A mulher de 26 anos acabou por fazer o parto em Setúbal.
Num esclarecimento remetido à Renascença, a comissão executiva do SNS liderada por Fernando Araújo admite que situações como esta podem repetir-se sempre que ocorra uma procura elevada das unidades de saúde.
"Uma coisa é uma senhora que tem o trabalho de parto em casa, vive longe do hospital, fica aflita e na deslocação tem o parto... não há remédio. Coisa diferente é uma senhora que vive ao pé de muitas maternidades e andar de maternidade em maternidade até parir na autoestrada. É profundamente ridículo", diz à Renascença o médico Nuno Clode.
Além disso, o presidente da SPOMMF lembra que há situações em que ocorrem "problemas com o feto e situações de mal-estar fetal que não são os técnicos das ambulâncias que conseguem detetar - isso deteta-se nas maternidades" e que, "se não forem diagnosticadas podem trazer um risco enorme para a mãe e para o bebé, porque a senhora andou a cirandar por aí".
A Direção Executiva do SNS sublinha que, mesmo assim, o plano que prevê o encerramento rotativo de vários blocos de partos aos fins de semana se mantém em vigor "e sem falhas".
Nuno Clode admite que, "não há volta a dar" e que o problema está na falta de profissionais: "Não há médicos, nem enfermeiros", mas "isto tem tudo a ver com o que aconteceu no passado e com a situação a que chegámos".
Sem apontar diretamente quaisquer responsáveis pela situação de crise nos blocos de partos e nas urgências de ginecologia e obstetrícia, este especialista defende que "a responsabilidade não é destes que aqui estão e que estão a fazer o melhor que podem e a tentar resolver isto o melhor possível".