A advogada de defesa do comandante dos bombeiros de Pedrógão Grande disse esta terça-feira que as testemunhas ouvidas esta terça-feira no julgamento das responsabilidades criminais do fogo de Pedrógão Grande demonstraram que “não houve condições para fazer melhor do que foi feito”, o que "“contraria a acusação que foi feita ao comandante Arnault.”
Na linha do que têm sido os testemunhos dados, continuaram as queixas de falta de meios, de falhas na comunicação e de condições meteorológicas nunca antes vistas em Portugal.
Filomena Girão lembrou aos jornalistas que “estávamos na fase Bravo e sabemos que não tinha havido ainda o aumento (de meios de combate) habitual aquando da passagem para a fase Charlie”. “Isso trouxe imensas dificuldades num incêndio com estas características, fenómenos que nunca tinham sido vistos em Portugal” e que, infelizmente, “repetir-se-ão em Portugal”, adiantou também.
A sessão desta terça-feira foi a primeira sessão diária depois do Conselho Superior da Magistratura decidir atribuir a exclusividade ao coletivo de juízes que preside ao julgamento. Na sequência, foram definidas sessões diárias, de segunda a quinta-feira, para que o julgamento esteja concluído até 22 de junho. Uma decisão contestada pelos advogados dos arguidos, com a alegação de serem impedidos de ter novos clientes.
Além de Augusto Arnault, estão acusados de homicídio por negligência e de ofensas corporais a engenheira florestal na Câmara Municipal de Pedrógão, Margarida Gonçalves, a única a integrar o gabinete técnico florestal do município, o presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, o então autarca de Castanheira de Pera, Fernando Lopes e ainda o responsável pelo Centro de Assistência e Manutenção da Ascendi Pinhal, Rogério Mota, o diretor de Operação e Manutenção da Ascendi Pinhal Interior, António Berardinelli e o membro da comissão executiva da Ascendi Pinhal Interior com o pelouro de Operação e Manutenção, José Revés.
Pela EDP, foram constituídos arguidos o subdiretor da área de manutenção da zona centro, Casimiro Pedro, e o subdiretor da área comercial, José Geria.
O ex-presidente da Câmara e Pedrógão Grande, Valdemar Alves, que foi esta segunda-feira condenado a sete anos de prisão efetiva no julgamento das casas reconstruídas, é também arguido neste processo.