O ministro dos Negócios Estrangeiros rejeita que haja algum tipo de embaraço com posição de Lula da Silva sobre a guerra na Ucrânia e a vinda a Portugal do Presidente brasileiro.
João Gomes Cravinho considera que os países podem assumir posições diferentes, sem com isso abalar as relações de proximidade
“Não há embaraço nenhum”, começou por garantir o ministro.
"Como poderíamos estar embaraçados com as posições dos outros? Poderíamos estar embaraçados com as nossas posições, se elas o permitissem, mas elas são claras", argumentou o governante.
O ministro dos Negócios Estrangeiros pede, aliás, que não se faça “confusão entre aquilo que são as relações Estado a Estado, entre Portugal e o Brasil, relações profundas, relações que têm 200 anos” e as posições diferentes que os dois países têm em relação à guerra na Ucrânia.
Em declarações aos jornalistas, esta manhã, à margem do Fórum luso alemão que decorre em Lisboa, João Cravinho reiterou ainda que “não fazemos disto nenhum tipo de drama”.
“A constatação de que a política externa portuguesa e a política externa brasileira não são idênticas, é uma constatação, não é propriamente uma surpresa para quem quer que seja”, acrescentou.
O Presidente brasileiro propôs, este domingo, uma mediação conjunta com a China e Emirados Árabes Unidos (EAU) na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, uma questão que disse ter discutido em Pequim e em Abu Dhabi.
Luiz Inácio Lula da Silva, que concluiu este domingo uma visita aos EAU depois de ter estado na China, também reafirmou as acusações aos Estados Unidos da América (EUA) e à União Europeia (UE) de prolongarem a guerra.
A guerra foi provocada por “decisões tomadas por dois países”, Rússia e Ucrânia, disse Lula da Silva na conferência de imprensa em Abu Dhabi que encerrou a visita aos EAU, citado pela agência francesa AFP.
O PSD já veio a público defender que o Governo português deve demarcar-se da posição do Presidente brasileiro, Lula da Silva, sobre a guerra na Ucrânia.
Em conferência de imprensa, o vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, disse que Lula da Silva é bem-vindo a Portugal, mas lamentou as posições políticas do Governo do Brasil sobre a guerra na Ucrânia.
Em declarações aos jornalistas esta segunda-feira, no Rossio, em Lisboa, Luís Montenegro disse que o PSD tem profundas divergências com a posição do Presidente brasileiro face á guerra na Ucrânia, mas garante que é preciso fazer uma distinção. Sem nunca citar os nomes dos dois partidos, Montenegro apontou a Chega e IL ao acusar quem não consegue distinguir as posições de Lula da relação com Brasil de não estar á altura de assumir cargos no país.
O líder do PSD, que vai estar na próxima terça-feira na sessão de boas-vindas ao presidente Lula da Silva e na sessão do 25 de abril na Assembleia da República, voltou a sublinhar que há divergências com a posição do Presidente brasileiro sobre a guerra na Ucrânia.
“Relativamente à posição do Presidente Lula da Silva e da política externa do Brasil no que toca à guerra da Ucrânia, há uma fronteira que nos separa completamente: nós não temos nenhuma complacência nem nenhuma condescendência com a agressão da Rússia à Ucrânia. Isso deve ficar muito claro, quer do ponto de vista do nosso partido, quer do ponto de vista da relação do Estado português com o Presidente do Brasil”, afirmou Luis Montenegro.