Os partidos com assento parlamentar estão a ter o seu primeiro contacto, esta terça-feira, com o cenário macroeconómico do Governo para 2025. E, até ao momento, nenhum saiu do encontro com Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças, muito convencido.
Quer à esquerda quer à direita, ninguém se mostrou convertido às opções de Luís Montenegro.
Inês Sousa Real, líder e deputada única do PAN, abandonou a reunião preocupada com a falta de continuidade das políticas de proteção animal.
"Não houve qualquer execução de fundos", sublinhou.
Para o PAN, cabe ao Governo “não deixar cair políticas que até aqui custaram muito, deram muito trabalho a conquistar”.
Se Montenegro incluir algumas medidas do agrado do PAN, Inês Sousa Real deixou em aberto a possibilidade de ainda vir a votar favoravelmente o OE para 2025: “Neste momento, há disponibilidade para o diálogo e para perceber que medidas é que podem ou não ser acolhidas no Orçamento.”
Rui Tavares, do Livre, foi mais claro no corte com o Governo.
“Do ponto de vista das políticas substanciais não há nenhuma novidade da parte do Governo. O Governo não deu nenhum passo suplementar, em relação a julho, a propostas do Livre”, disse.
O deputado do Livre concluiu, por isso, que o Governo vai ter de procurar o apoio noutros partidos para aprovar o Orçamento do Estado.
“A disponibilidade para avançar em medidas sociais, ecológicas, de inovação da economia portuguesa - que implicam o investimento público que Portugal não tem feito estes anos todos - não está lá”, afirmou.
Paula Santos, por sua vez, colocou também o PCP fora de "qualquer negociação" no âmbito do próximo Orçamento do Estado para 2025. Pelo contrário, prometeu um combate no parlamento às opções políticas do Governo.
"Não
temos qualquer negociação com o Governo", disse Paula Santos, prometendo
apresentar propostas no debate orçamental com "soluções concretas para dar
resposta aos problemas que o país tem".
Também Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, saiu da reunião com a mesma ideia com que entrou: vem aí um "mau Orçamento" e o Bloco vai ser oposição à proposta do Governo.
"Esta reunião confirma que vamos ter um mau Orçamento do Estado. E um mau Orçamento do Estado em áreas cruciais. O Governo não vão deixar de entregar centros de saúde ao privado, de dar carta branca ao alojamento local e não ter resposta para a habitação. São escolhas políticas que nós não acompanhados", disse.
A bloquista levou para o encontro com Miranda Sarmento o tema da privatização da TAP, mas ficou sem resposta.
“Nós também quisemos trazer para esta reunião o caso da TAP e saber qual é o impacto orçamental da privatização da TAP, mas o que nos foi respondido foi que a intenção de privatizar a TAP se mantém sem qualquer outra resposta” referiu Mortágua.
Já Alexandra Leitão disse aos jornalistas que "finalmente o PS recebeu a informação" que tinha pedido e que agora irá analisar esses mesmos dados, ficando os socialistas "muito em breve disponíveis para continuar as negociações com o Governo".
De acordo com a líder parlamentar do PS, essas reuniões decorrerão "no calendário e no formato que o Governo entender".
"Estamos totalmente disponíveis para continuar a negociar", assegurou, considerando que a reunião com o Governo decorreu de forma "cordata e cordial".
Mesmo à direita...
O Governo parece também estar sofrer pressôes à direita. A Iniciativa Liberal irá votar contra o Orçamento do Estado para 2025 se este incluir as alterações no IRS jovem e IRC propostas pelo PS.
Aos jornalistas, Bernardo Blanco disse que a IL não pode apoiar um documento que “fique igual aos orçamentos do António Costa”.
“Se o Governo ceder nestas descidas de impostos em contrapartida pela mão de Pedro Nuno Santos, nós não podemos acompanhar. Não achamos que se possa vender os princípios prometidos aos portugueses por uma viabilização por parte do PS. O país votou por uma mudança e não vamos apoiar um orçamento desvirtuado e que tenha medidas do partido socialista”, garantiu.
Bernardo Blanco deixou ao Governo uma lista de medidas que os liberais querem ver integrados na proposta do OE. Uma delas é um plano de poupança nos serviços do Estado.