Queixas de violência policial após furto em supermercado
17-08-2023 - 19:26
 • Local

Foram detidas duas pessoas, no Porto, na sequência de um furto ocorrido num espaço comercial. Uma terceira pessoa alega ter sido agredida por um agente policial e foi assistida no local por uma ambulância.

Um furto num supermercado em Cedofeita, no concelho do Porto, resultou na detenção de duas pessoas e na apresentação de uma queixa, por parte de uma terceira, contra um agente da PSP por "ofensa à integridade física".

Em causa está um alegado furto que ocorreu na terça-feira, pelas 17h00, num Pingo Doce localizado na freguesia de Cedofeita, no concelho do Porto.

À Lusa, o Comando Metropolitano da PSP do Porto confirmou esta quinta-feira que foi detido um homem de 41 anos, residente na cidade, "acusado de ter passado as linhas de caixa sem pagar produtos de beleza no valor de 40 euros", material que terá "escondido" na mochila.

"O gerente [do supermercado] e o vigilante fizeram a entrega do homem sob detenção. Vários cidadãos tentaram impedir que o homem fosse detido", referiu fonte da PSP.

Além do suspeito de furto, foi detida uma mulher de 28 anos, residente em Vila Nova de Gaia, por "resistência e coação a agente de autoridade".

Na sequência do acontecimento, uma outra mulher, de 31 anos, residente no Porto, apresentou queixa de um agente da PSP por "ofensa à integridade física" na esquadra de Cedofeita, disse a alegada agredida à Lusa, acrescentando que "se recusaram a dar a identidade do polícia agressor".

A apresentação da queixa contra o agente da PSP foi também confirmada pela PSP do Porto, que adiantou que a mulher foi assistida por uma ambulância no local.

O Comando Metropolitano da PSP do Porto pediu já ao estabelecimento comercial da cadeia Jerónimo Martins que sejam preservadas as imagens de videovigilância.

Relatos nas redes sociais dão conta de "agressões [da PSP] e pancadas com cassetete"

Nas redes sociais circulam relatos de pessoas que dizem ter presenciado uma agressão "por parte de um segurança a um sem-abrigo" que terá tentado furtar naquele supermercado "um "shampoo" e um saco de ervilhas congeladas" e, posteriormente, a uma intervenção policial com "10/12 agentes" dentro da loja e "imensos carros da polícia e mais 15 agentes" no exterior.

Os relatos, que contam com dezenas de partilhas e comentários, dão conta de "agressões e pancadas com cassetete" a pessoas que terão tentado impedir a polícia e o segurança de, alegadamente, exercer violência sobre o homem.

"Muita gente interveio, incluindo funcionários do Pingo Doce, porque viram que a situação estava a escalar de uma maneira que não era suposto. O gerente de loja chegou a aceitar que nós pagássemos o que ele [sem-abrigo] tinha tirado, mas o segurança pegou em dois carrinhos e manteve-o preso. Depois, para aí 10 polícias com coletes à prova de bala entraram na loja", refere Inês Rodrigues que, em seguida, apresentou queixa na PSP.

"Eu, para defender uma terceira pessoa - uma rapariga que foi empurrada contra a parede para ser algemada - toquei no braço de um deles e ele deu-me com o cassetete na parte de trás do joelho e nas nádegas", acrescenta. À Lusa, adiantou ainda que após apresentar queixa se dirigiu ao Hospital dos Lusíadas.

No relatório hospitalar lê-se: "vítima de agressão por cassetete de polícia [que] resulta [em] hematoma nas nádegas e no terço inferior da face posterior da coxa e escoriação da face anterior do punho esquerdo".

Inês Rodrigues indicou ainda que, na quarta-feira, foi ao Instituto de Medicina Legal, mas o relatório foi enviado diretamente para o Ministério Público.

Já Orquídea Oliveira, testemunha de Inês Rodrigues no processo, indicou à Lusa que prestou depoimento na esquadra da PSP após ter assistido a "agressões brutais e desmedidas".

Hoje, Inês Rodrigues dirigiu-se ao próprio Ministério Público para apresentar nova queixa, tendo sido informada que o processo iniciado na PSP é suficientes e que será em breve chamada para prestar declarações.

A agência Lusa solicitou esclarecimentos junto da Jerónimo Martins e aguarda resposta.

Também o MP remeteu qualquer resposta para mais tarde.