O presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, anunciou esta quarta-feira que vai retirar a proposta de programa de Governo e vai encetar novas negociações com os partidos da oposição.
"O programa será apresentado nos próximos dias. Neste momento, o programa de Governo será retirado e depois vamos dar sequência às rondas negociais e depois teremos todas as condições, com ponderação e com calma, para fazer essa apresentação", afirmou Miguel Albuquerque, em conferência de imprensa.
O programa do novo governo regional da Madeira deveria começar a ser discutido, quinta-feira, na assembleia regional, mas a aprovação não estava garantida. PS, JPP e Chega anunciaram o voto contra.
Em declarações aos jornalistas, Miguel Albuquerque alerta que sem programa de Governo a Madeira não terá um orçamento.
"Temos que ser otimistas. É preciso serenar os ânimos e os partidos pensarem que isto não é uma luta de fações políticas, é fundamental pensar neste momento nos interesses da população. A questão não é o programa do Governo ser aprovado, a consequência disso é não termos orçamento este ano", declarou.
Governar em duodécimos traria "consequências nefastas para todos os setores sociais da região", alerta Miguel Albuquerque, líder do governo eleito sem maioria absoluta nas eleições de 26 de maio.
O presidente do governo regional da Madeira diz que mantém disponibilidade para aceitar propostas dos partidos da oposição.
"Albuquerque acaba de assumir a sua incapacidade"
O líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, considera que a retirada da proposta do Programa do Governo, que estava a ser discutida no parlamento regional, mostra a incapacidade do PSD para formar uma maioria.
“Miguel Albuquerque acaba de assumir a sua incapacidade, numa responsabilidade que tem quando garantiu ao representante da República e aos madeirenses e porto-santenses que tinha uma maioria para formar Governo”, afirmou Paulo Cafôfo, em declarações aos jornalistas no parlamento regional, no Funchal.
Considerando que esta decisão “só demonstra a encenação que houve durante estes dias entre o PSD, entre o Chega”, o líder socialista na Madeira acusou Miguel Albuquerque de ter mentido quando deu a garantia que tinha a maioria necessária para aprovar o Programa do Governo.
O líder do Chega/Madeira considera que a retirada do Programa do Governo da discussão no parlamento foi uma “vitória” do partido, esperando que o presidente do executivo continue a ceder e acabe por se afastar.
“Miguel Albuquerque começou a ceder. Nós esperamos é que continue a ceder até conseguirmos aquilo que queremos, que é que ele se afaste”, afirmou Miguel Castro.
"Quem andou a mentir nesta história"?
O JPP, um dos grandes vencedores das últimas eleições, vai reunir-se com o representante da República para a Madeira na quinta-feira, no Funchal, e irá pedir esclarecimentos sobre o que disse Miguel Albuquerque a Ireneu Barreto antes de ser indigitado chefe do executivo.
Em declarações aos jornalistas após a interrupção da discussão do Programa do Governo, que decorria no parlamento madeirense, o secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, anunciou que pediu uma audiência ao representante da República, entretanto marcada pelo juiz conselheiro para as 15h00 de quinta-feira.
Segundo Élvio Sousa, o JPP pretende “saber quem é que andou a mentir nesta história”. “Miguel Albuquerque fala de estabilidade e usa a estabilidade na capa do Programa do Governo é porque tinha uma solução estável, como ele referiu, da Iniciativa Liberal e do Chega, para a região”, apontou.
Já a deputada única do PAN/Madeira criticou hoje a falta de coragem da oposição, que não colocou os interesses da população acima dos interesses partidários quando decidiu votar contra ao Programa do Governo Regional, liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque.
“Também é preciso ter coragem política para sermos responsáveis. É preciso coragem para sermos ponderados e é preciso ter coragem para, às vezes, mesmo contra alguma da opinião pública, pensarmos no bem geral de toda a população e não só no nosso eleitorado e não só nos nossos interesses partidários”, disse a eleita do PAN, Mónica Freitas.
[notícia atualizada às 21h54]