O ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Armando Vara disse esta sexta-feira que o banco público "não teve qualquer intervenção nas 'guerras' do BCP", durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à CGD.
A Caixa "nunca teve qualquer intervenção nas guerras do BCP", garantiu Vara aos deputados, rejeitando que tenha existido qualquer "assalto" ao banco privado e que a CGD até quis vender as ações que tinha do BCP.
"E só não saímos mais, porque Paulo Teixeira Pinto [então presidente do BCP] deu conta que a Caixa estava a vender e pediu a [Carlos] Santos Ferreira [então presidente da CGD] para discutir o tema", revelou Armando Vara, acrescentando que o banco público não via "vantagem em ter uma participação daquela dimensão num concorrente".
De acordo com o ex-ministro socialista, Paulo Teixeira Pinto disse que "não era o melhor tempo" para vender uma posição no BCP, "porque ter a Caixa como acionista era uma proteção contra a OPA [do BCP sobre o BPI, à data]", tendo pedido que o banco público ficasse com "pelo menos 1%".
Armando Vara disse ainda que, quando saiu da CGD para o BCP, em 2008, o banco público tinha "menos de 5%" de ações do banco privado.
Mais tarde, questionado pelo deputado do PSD Virgílio Macedo sobre o facto da Caixa ter concedido crédito às sociedades ligadas ao empresário José Berardo para aquisição de ações do BCP, aumentando a sua exposição indireta ao banco privado, Armando Vara disse que as operações foram votadas por um "órgão colegial".
"Essas operações, quase todas, foram votadas por todo o conselho de crédito. Eu não enjeito responsabilidades nessas decisões, mas todos fazíamos parte de um órgão colegial, onde as decisões se tomavam sempre por consenso", disse Vara, acrescentando que "bastava que um elemento do conselho de administração desse sinal de algum desconforto para que a operação parasse, ficasse para a reunião seguinte ou até que a pessoa ficasse mais descansada em relação à operação”.
Armando Vara disse ainda que foi ele "que teve a iniciativa da decisão de ir saindo do BCP", e que o banco público tinha capacidade financeira para emprestar 500 milhões de euros.