A Ordem Hospitaleira de São João de Deus (OHSJD) está a prestar ajuda humanitária na Venezuela, com um grupo de voluntários lusodescendentes a fornecer alimentos a cerca de 700 pessoas carenciadas, em Maracaibo e em Caracas.
O superior provincial da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, Vítor Lameiras, diz à Renascença que neste momento de incerteza que o país vive crescem as dificuldades, "sobretudo no plano alimentar e da assistência médica".
"A determinada altura, percebeu-se que havia um problema grave quando os nossos colaboradores, a quem fornecíamos a refeição dentro do horário de trabalho, começaram a guardar a comida para levar para casa", conta Vítor Lameiras.
Foi a partir dessa constatação que surgiu a iniciativa "Comida Solidária Partilhada" que, atualmente, "apoia uma média de 700 pessoas", algumas "são descendentes de portugueses", embora o superior provincial da OHSJD ressalve que "a maioria dos cidadãos portugueses não se encontra em situação de tão grande dificuldade".
A ajuda ainda chega onde é necessário
Numa altura em que se multiplicam relatos de ajuda humanitária retida à entrada da Venezuela, Vítor Lameiras garante que, "até esta altura, ainda não houve quaisquer problemas com o o governo ou com outras entidades".
A grande dificuldade prende-se sobretudo "com o aumento acelerado dos pedidos de ajuda" e com as dificuldades que muitos colaboradores e voluntários encontram no terreno para prestar cuidados de saúde às populações. Vítor Lameiras diz que não são raros os casos em que "há cirurgias programadas que têm de ser adiadas porque há um anestesista ou um enfermeiro que, entretanto, já fugiu da Venezuela", ou situações que "não é possível realizar determinados tratamentos, porque não encontramos no mercado os medicamentos necessários para os realizar".
Uma refeição por 70 cêntimos
Os fundos angariados pela campanha 'Comida Solidária Partilhada' estão a ser canalizados para a província sul-americana setentrional da OHSJD, com sede no Perú, à qual pertencem os hospitais na Venezuela.
"Os valores entram diretamente através do BANESCO, o único banco privado a atuar na Venezuela, o que nos dá a segurança de que o dinheiro chega aonde pretendemos".
Vítor Lameiras explica que "os interessados em ajudar podem entrar no nosso 'site' para conhecer, em detalhe, esta campanha: cada refeição fornecida, custa-nos cerca de 70 cêntimos".
O objetivo "é manter a ajuda às 700 pessoas que já recebem este apoio. E alargá-lo, caso venha a ser necessário".