Uma nova ronda de negociações para o futuro comercial de Bruxelas e Londres, após o Brexit, arranca nesta segunda-feira e decorre até sexta-feira, sendo decisiva para avançar nos trabalhos, dado o balanço dos progressos no final deste mês.
Esta é a quarta ronda de negociações relativa à futura parceria comercial após a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), em final de janeiro passado, e será realizada à distância e por meios tecnológicos, dada a pandemia de covid-19, entre as equipas dos lados comunitário e britânico, respetivamente lideradas por Michel Barnier e por David Frost.
As discussões estiveram suspensas devido à pandemia – desde logo por ambos os negociadores terem sido infetados pelo novo coronavírus – e estão agora a ser realizadas por videoconferência, tendo em vista conseguir progressos palpáveis até ao final deste mês, altura prevista para um balanço das discussões.
Para junho continua, então, a estar prevista uma cimeira de líderes para avaliar o progresso e decidir sobre uma eventual extensão do período de transição, que termina em 31 de dezembro.
Porém, ainda não se registaram quaisquer progressos ou cedências.
Entre os assuntos com mais divergências estão o acesso equilibrado a ambos os mercados, a governança da futura parceria, a proteção dos direitos fundamentais e o setor das pescas.
No final da mais recente ronda de negociações, em meados deste mês, o negociador-chefe da União Europeia (UE) para a futura relação comercial com o Reino Unido, Michel Barnier, mostrou-se “desapontado” com a “falta de ambição” de Londres.
Por seu lado, também após essa semana, o negociador britânico, David Frost, lamentou a falta de progresso nas suas negociações com a UE, pedindo a Bruxelas uma "mudança de abordagem".
Dias depois, as tensões entre Bruxelas e Londres subiram de tom numa carta enviada por David Frost a Michel Barnier, na qual o britânico pedia ao homólogo comunitário para a UE alterar as suas propostas discutidas no âmbito das negociações, particularmente no que toca aos direitos aduaneiros, isto se o bloco comunitário quisesse alcançar um acordo até final do ano.
Em resposta, Michel Barnier pediu “respeito mútuo” e “compromissos construtivos” ao bloco britânico, adiantando esperar que o “tom adotado” por David Frost nessa carta não tivesse “impacto na confiança mútua” dos negociadores.
O Reino Unido abandonou oficialmente a UE em 31 de janeiro passado, mas permanece dentro do seu espaço económico e regulatório até ao final do ano, durante o chamado período de transição.
O acordo de saída entre o Reino Unido e a UE permite que o prazo seja prorrogado por dois anos, mas o Governo britânico não quer o prolongamento para além de 31 de dezembro.
Resta então apenas mais uma ronda nas negociações, a desta semana, antes de as duas partes fazerem um balanço, tendo Londres já admitido abandonar as negociações se não houver suficiente progresso.