O perito nomeado pela Ordem dos Médicos para averiguar as queixas de más práticas no serviço de cirurgia do Hospital Fernando de Fonseca, conhecido como Amadora-Sintra, deve ter o trabalho concluído dentro de duas semanas.
Esta é a convicção do presidente da secção sul da Ordem. À Renascença, Alexandre Valentim Lourenço explica que o caso foi entregue a um perito do colégio da especialidade de cirurgia-geral, que está a analisar as denuncias para avaliar a eventual responsabilidade dos médicos em causa, mas, também, analisar os casos na globalidade para determinar se houve erros por parte da organização do serviço.
“O perito nomeado pelo colégio da especialidade está a avaliar os processos e já avaliou a maioria. Ainda hoje falei com ele e está a tentar terminar rapidamente estes processos para termos o relatório pronto”, revela Alexandre Valentim Lourenço, acrescentando: “Estamos à espera que nos seja entregue no prazo de duas semanas”.
Depois de os processos serem avaliados pela peritagem serão enviados ao Conselho Nacional e aos Conselhos Regionais para se tirarem conclusões. Segundo presidente da secção sul da Ordem dos Médicos, só depois é que se poderá avançar para eventuais processos disciplinares se for caso disso. “Nos casos em que temos má prática imputada a uma pessoa ou a um conjunto de pessoas individualmente pode haver ilações disciplinares. Já no caso de haver problemas relacionados com a organização do serviço, essas conclusões serão enviadas ao Conselho de Administração (do hospital Fernando da Fonseca) porque esta avaliação foi-nos pedida pela Direção Clínica do hospital. Só depois é que poderemos tomar mas alguma providência.”
Denúncias feitas por antigo diretor
A Inspeção-geral das Atividades em Saúde fez saber que não abriu um processo de natureza disciplinar para apurar os factos, tendo decidido "aguardar a conclusão deste processo de inquérito para depois avaliar os resultados do mesmo".
Já a Entidade Reguladora da Saúde anunciou a abertura de uma investigação sobre os casos denunciados de alegada má prática clínica no Hospital Fernando Fonseca que serve a população dos concelhos da Amadora e Sintra.
As denúncias de alegadas más práticas clínicas foram feitas por um antigo diretor do serviço de cirurgia do hospital - um médico que se demitiu em fevereiro, na sequência de um processo disciplinar de que foi alvo por queixas de bullying e assédio laboral, apurou a Renascença.
Estas investigações surgem na sequência de denúncias, divulgadas pelo jornal Expresso, indicando que 22 doentes operados naquela unidade hospitalar "morreram ou ficaram mutilados", alegadamente por más práticas médicas.
No entanto, fonte do setor garantiu à Renascença que são residuais os casos que desfecho fatal. A denúncia refere-se a três doentes que morreram após cirurgia e outros tantos que fizeram operações desnecessárias ou erradas.
A Entidade Reguladora da Saúde pediu esclarecimentos adicionais ao hospital Fernando da Fonseca sobre as denúncias de alegados casos de má prática clínica, avançadas pelo jornal Expresso.
Fonte hospitalar confirma à Renascença a total colaboração da administração que ainda hoje vai responder às questões colocadas pela ERS.
A mesma fonte indica, de resto, que a direção do hospital tem o maior interesse em ver a situação esclarecida o mais depressa possível, se há erro quer que ele seja identificado, se não há exige que sejam assacadas responsabilidade a quem lançou a suspeita sobre o serviço de cirurgia do HFF.
[notícia atualizada às 19h41]