O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai nomear Robert F. Kennedy Jr., um confesso negacionista das vacinas, como o novo secretário norte-americano da Saúde.
Para o comentador da Renascença Henrique Raposo, é sinal de que vêm aí tempos difíceis, mas não é só isso.
“Para as pessoas terem uma ideia, isto era como termos o Gustavo Santos na Educação ou o Bruno Carvalho no Desporto”, diz, ressaltando que não está a fazer piada, mas a alertar para “este nível de loucura a entrar num ministério”.
“É altamente perigoso. É uma pessoa que diz que o autismo foi provocado por vacinas. E que basta não comer glúten para deixar de ser autista”, exemplifica.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo lembra ainda que Robert F. Kennedy Jr. é alguém que disse em relação “às vacinas do Covid” que se tratava da “colocação de um chip no nosso cérebro”.
“É este tipo de loucura”, destaca, considerando que “o que é importante discutir é de onde é que isto vem e por que é que aparece em tanta gente”.
“É um exemplo clássico do populismo, no sentido em que o populismo começa por ser aquele que é o primeiro a dizer que há um problema, um problema real, que o centro não está a ver”, assinala.
Raposo lembra que Kennedy começou a sua carreira a criticar duas coisas que considera muito interessantes: a indústria agroalimentar e da comida ultraprocessada e a indústria farmacêutica.
“A indústria agroalimentar e da comida ultraprocessada, que é, de facto, um vício tremendo nos Estados Unidos e que está a destruir, de facto, boa parte dos corpos e da saúde dos americanos. Aquele grau de obesidade não é normal, é um problema de saúde; mais grave ainda, não está a ser resolvido com uma educação ao nível da alimentação, voltarem ao ‘b-á-bá’ da comida, fazer uma sopa. Estão a resolver o problema com uma droga, o Asempic”, observa.
Segundo o comentador, “isto articula-se com a outra grande crítica dele, que é criticar a indústria farmacêutica. Devemos muito à indústria farmacêutica, atenção, mas é um poder gigantesco que tem que ser criticado; temos de ter um certo ceticismo em relação a esse poder. E ele avançou por aí, tem esta base real e cética e justa, mas, depois, cai no ‘rabbit hole’ que é de loucura absoluta”.
“E por quê? Porque o centro não fala disto, porque o lobby destas duas indústrias é gigantesco e cala muito a gente. Isto é um problema da direita e à esquerda criou-se uma cultura - chama-lhe o que quiseres - ‘woke’, politicamente correta, que está cheia de tabus e onde não se pode questionar nada”, completa.