A Rússia lançou esta quarta-feira ataques em mais de 40 localidades ucranianas, que mataram pelo menos duas pessoas e obrigaram as populações locais a refugiar-se nos abrigos antiaéreos, disseram as autoridades ucranianas.
Segundo o Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas, o exército russo lançou cinco foguetes, 30 ataques aéreos e mais de 100 ataques de sistema de foguetes de lançamento múltiplo contra alvos ucranianos.
Os ataques ocorrem num momento em que crescem os temores de que a Rússia, ao deparar-se com vários reveses no campo de batalha, possa tentar detonar a chamada 'bomba suja', um dispositivo que usa explosivos para espalhar resíduos radioativos, num esforço para semear o terror, ou utilizar o seu arsenal nuclear.
Por outro lado, a autoridades pró-russas da região ucraniana de Lugansk, anexada pela Rússia, afirmaram hoje que estão a registar-se "intensos combates" nas proximidades de Kreminna e de Svatove, perto das fronteiras administrativas de Donetsk e Kharkiv.
"Os combates mais severos estão a decorrer perto de Kreminna e Svatove. Grupos compostos por entre 30 e 50 membros de unidades de defesa territorial e tropas mobilizadas [da Ucrânia] estão a testar as nossas defesas", afirmou Vitali Kiseliov, conselheiro do ministro do Interior pró-russo em Lugansk à televisão pública russa.
Segundo Kiseliov, as forças ucranianas "estão a sofrer enormes perdas".
O conselheiro do ministro do Interior pó-russo de Lugansk também disse à agência noticiosa TASS que as tropas de Kiev estão a testar as defesas na área da cidade de Lisichansk, perto de Kreminna.
No entanto, acrescentou, as condições meteorológicas não permitem que nenhum dos lados avance com uma forte ofensiva.
Esta quarta-feira, Vladimir Putin monitorizou exercícios das forças nucleares estratégicas do país, que envolveram vários lançamentos de mísseis balísticos e de cruzeiro numa demonstração de força.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, informou Putin que o exercício pretendia simular um "ataque nuclear maciço" lançado em retaliação a um ataque nuclear à Rússia.
A administração norte-americana, liderada pelo Presidente Joe Biden, afirmou ter sido avisada previamente dos exercícios anuais russos.
Ainda esta quarta-feira, Shoigu falou com os homólogos da Índia e da China para partilhar a preocupação de Moscovo sobre "possíveis provocações ucranianas envolvendo uma 'bomba suja'", indicou Ministério da Defesa russo.
Shoigu fez a alegação pela primeira vez em contactos com autoridades britânicas, francesas, turcas e norte-americanas.
Reino Unido, França e Estados Unidos rejeitaram a alegação e consideraram-na "transparentemente falsa".
As autoridades ucranianas alertaram para o facto de Moscovo poder estar a preparar-se para usar tal dispositivo.