O presidente do INEM afirmou este domingo que o investimento de 600 mil euros num equipamento que vai permitir aos técnicos de emergência médica monitorizar os sinais vitais dos doentes vai representar um “ganho muito significativo” em termos de saúde.
O Jornal de Notícias avança na edição de hoje que, a partir de segunda-feira, dia em que entra em vigor o protocolo de dor torácica, os técnicos de todas as ambulâncias de emergência médica do país podem pôr em prática um conjunto de procedimentos para os quais receberam formação e que incluem a realização de um eletrocardiograma (ECG) e a administração de fármacos, sob orientação médica, a doente com suspeita de enfarte agudo do miocárdio.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) afirmou que esta era uma prioridade do instituto, “não apenas dotar as ambulâncias de emergência médica com estes equipamentos”, mas sobretudo poder avançar com a implementação do protocolo de dor torácica que efetivamente vai permitir ganhos em saúde.
Vai permitir também “uma melhoria significativa” das condições de trabalho dos técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH), uma vez que dispõem a partir de agora de um equipamento que “lhes vai facilitar, e muito, a sua missão, porque incorpora várias capacidades”.
“Além da capacidade de fazerem eletrocardiogramas (ECG), têm a possibilidade de, no mesmo aparelho, ter um monitor de sinais vitais”, que facilitará muito a monitorização dos doentes, além da desfibrilhação automática externa.
Mas, salientou, “o objetivo claro é sempre garantir que a assistência médica pré-hospitalar é feita nas melhores condições possíveis, sobretudo, na perspetiva das vítimas de acidente e doença súbita”, com um foco muito particular no enfarte agudo do miocárdio.
“É uma situação grave e que carece de uma identificação o mais precocemente possível para permitir o encaminhamento adequado destes doentes”, defendeu o presidente do INEM, lembrando que o enfarte agudo do miocárdio mata cerca de 8.000 portugueses por ano e que as doenças cardiovasculares são uma das principais causas de mortalidade em Portugal.
Por isso, poder fazer o mais rapidamente o diagnóstico e encaminhar o doente imediatamente para o local mais adequado para fazer o tratamento, é fundamental para reduzir a mortalidade, mas também a morbilidade.
Luís Meira estima que os técnicos façam entre 10 a 20 eletrocardiogramas por dia, com o apoio do equipamento que foi colocado em todas as ambulâncias de emergência médica.
“A maior parte depois não se confirmará que estamos perante um enfarte agudo do miocárdio, mas aqui também é importante em algumas circunstâncias podermos fazer o ECG para descartar essa possibilidade”, salientou.
Luís Meira explicou ainda que demorou “algum tempo” o INEM ter as condições para implementar este protocolo devido a um processo judicial que teve de ser concluído e que envolveu uma entrega de monitores em 2015 que não reuniam as condições para serem utilizados em contexto pré-hospitalar.
“O INEM em 2016 solicitou a intervenção do Infarmed que em 2018 ordenou a retirada dos monitores que tínhamos nessa altura ao serviço das ambulâncias de emergência médica”, contou.
Na sequência da ação judicial foi feito um acordo entre o INEM e a empresa que forneceu os monitores para que os monitores inicialmente entregues fossem substituídos por outros que cumprissem os requisitos.
“O problema é que a empresa, chegando ao fim do prazo concedido pelo tribunal para proceder a essa substituição, não cumpriu o acordo e só nesse momento é que o INEM esteve em condições de poder avançar para o processo de aquisição de monitores”, o que, disse, foi feito depois “em tempo recorde atendendo ao valor envolvido”.