O Instituto Nacional de Estatística (INE) sublinhou esta quarta-feira a “quebra sem precedentes” na atividade hospitalar no primeiro ano da pandemia, insistindo que o serviço de urgência e o internamento registaram os valores mais baixos dos últimos 20 anos.
Segundo informação divulgada esta quarta-feira, a propósito do Dia Mundial da Saúde, que se assinala na quinta-feira, além das urgências e dos internamentos, com os valores mais baixos da série iniciada em 1999, houve também “quebras acentuadas” no número de cirurgias em bloco operatório, de consultas médicas e de exames nos hospitais.
Os hospitais públicos ou em parceria público-privada continuaram em 2020 a ser os principais prestadores de serviços de saúde, assegurando 83,2% dos atendimentos em urgência, 74,9% dos internamentos, 69,6% das cirurgias em bloco operatório e 65,1% das consultas médicas.
A situação epidemiológica de 2020 teve repercussões na atividade quer dos prestadores públicos, quer dos prestadores privados, com a atividade privada a sofrer cabras de 20,6% nos atos complementares de diagnóstico e/ou terapêutica e de 18,3% nas consultas externas.
Os dados do INE indicam que houve menos 2,4 milhões de atendimentos nos serviços de urgência dos hospitais no primeiro ano da pandemia (total de 5,7 milhões de atendimentos).
Este é o valor mais baixo registado no período de 1999 a 2020 e é o serviço hospitalar em que se verificou uma quebra mais acentuada na atividade prestada, com uma diminuição de 29,6% em relação ao ano anterior, acrescenta o instituto.
O INE refere ainda que o número de internamentos nos hospitais em 2020 foi o mais baixo dos últimos 20 anos, com um total de 987,2 mil dias e 9,4 milhões de dias. Os hospitais públicos ou em parceria público-privada asseguraram 74,9% do total.
“Pela primeira vez, o número de internamentos não atingiu um milhão e o número de dias de internamento ficou abaixo dos 10 milhões, em resultado de terem ocorrido menos 162,9 mil internamentos e menos 968,4 mil dias de internamento do que no ano 2019”, refere.
Do total de internamentos ocorridos em 2020, 77,5% ocuparam camas de enfermaria, com especial relevo nas especialidades de Medicina Interna (25,2%), Cirurgia Geral (14,2%) e Ginecologia-Obstetrícia (13%).
A especialidade de Doenças Infecciosas representava menos de 2% dos internamentos ocorridos em enfermaria no ano 2020, mas destacou-se por ter tido “um aumento de mais de 10 mil internamentos, mais do dobro dos internamentos registados nesta especialidade no ano anterior”.
Quanto às consultas médicas, no primeiro ano da pandemia foram efetuadas cerca de 18,4 milhões na unidade de consulta externa dos hospitais portugueses, menos 2,7 milhões (-12,7% do que em 2019), refere o INE, que indica que a quebra nos hospitais privados foi mais expressiva (-18,3%). Nos hospitais do setor público foram realizadas menos 1,2 milhões de consultas, o que representa um decréscimo de 9,3%.
O INE diz ainda que as pessoas que terminaram o ensino superior ou com maiores rendimentos “têm maiores probabilidades de avaliar o seu estado de saúde como bom ou muito bom” relativamente àquelas que completaram, no máximo, o ensino básico.
Acrescenta que o ensino superior e o rendimento “têm também uma relação com a diminuição da probabilidade de existência de limitações na realização de atividades habituais”.
As especialidades com maior número de consultas médicas na unidade de consulta externa dos hospitais públicos ou em parceria público-privada foram, em 2020, por ordem decrescente, a Oftalmologia, a Ginecologia-Obstetrícia, a Ortopedia, a Psiquiatria e a Cirurgia Geral.
No caso dos hospitais privados, foram as especialidades de Ortopedia, de Oftalmologia, de Ginecologia-Obstetrícia, de Otorrinolaringologia e de Medicina Física e de Reabilitação, acrescenta.
Comparando com o ano de 2019, houve menos consultas em quase todas as especialidades, “excetuando-se as consultas de Oncologia Médica, em que se registou um aumento de 3,6% em 2020 (3,7% nos hospitais do setor público e 2,6% nos hospitais privados) e as consultas de Psiquiatria nos hospitais públicos ou em parceria público-privada [+1,7%]”.