Restrição de microplásticos. "É importante, mas falta ambição temporal", diz Zero
25-09-2023 - 21:27
 • José Carlos Silva , Maria Costa Lopes

União Europeia estabeleceu prazos para restringir a venda de produtos que incluam estes plásticos de pequenas dimensões, considerados nocivos para o ambiente e para a saúde.

A União Europeia (UE) estabeleceu prazos para restringir a venda de produtos que incluam microplásticos, plásticos de pequenas dimensões, considerados nocivos para o ambiente e para a saúde.

Para Susana Fonseca, vice-presidente da Associação Ambientalista Zero, a decisão tomada no combate aos microplásticos é bem vinda, embora note falta de ambição "temporal" para ser colocada em ação.

"É um passo importante, mas o problema é que em várias destas situações são dados tempos muito grandes para adaptação", diz a ambientalista à Renascença.

As primeiras medidas, como a proibição de purpurinas soltas e microesferas, começarão a ser aplicadas quando a restrição entrar em vigor, no prazo de vinte dias. Contudo, em algumas áreas de negócio os prazos estendem-se, como na dos pisos sintéticos, usados nos campos desportivos, que terão oito anos para a adaptação.

Também nos cosméticos os prazos de adaptação variam. Há situações em que a restrição de não usar os microplásticos entra em vigor imediatamente, enquanto noutras "pode levar até 12 anos", explica Susana Fonseca.

As medidas adotadas esta segunda-feira, pela Comissão Europeia restringem a venda de produtos aos quais tenham sido adicionados intencionalmente microplásticos, incluindo purpurinas soltas, cosméticos ou dispositivos médicos.

"[Os microplasticos] podem ser adicionados em vários contextos para dar mais características aos produtos. Portanto, esta iniciativa de restrição cinge-se ao conjunto de microplásticos que são intencionalmente adicionados aos produtos", diz a investigadora da Universidade de Lisboa

Há outros microplásticos, digamos secundários e que são libertados por outros tipos de produtos, por exemplo, as redes de pesca. E que para já estão fora do âmbito das medidas tomadas pela Comissão Europeia.

Nas contas da Comissão Europeia, a medida vai evitar a libertação de cerca de meio milhão de toneladas de microplásticos no ambiente.

Para além de serem encontrados nos vários ecossistemas, os microplásticos também estão no corpo humano e de outros seres vivos, podendo ser nocivos para a saúde.

"Eles estão em todo o lado e, portanto, pelas características que têm, pelo facto de poderem conter as próprias substâncias perigosas que depois vão entrar dentro do nosso organismo e do nosso corpo", reitera Susana Fonseca