A União Europeia (UE) estabeleceu prazos para restringir a venda de produtos que incluam microplásticos, plásticos de pequenas dimensões, considerados nocivos para o ambiente e para a saúde.
Para Susana Fonseca, vice-presidente da Associação Ambientalista Zero, a decisão tomada no combate aos microplásticos é bem vinda, embora note falta de ambição "temporal" para ser colocada em ação.
"É um passo importante, mas o problema é que em várias destas situações são dados tempos muito grandes para adaptação", diz a ambientalista à Renascença.
As primeiras medidas, como a proibição de purpurinas soltas e microesferas, começarão a ser aplicadas quando a restrição entrar em vigor, no prazo de vinte dias. Contudo, em algumas áreas de negócio os prazos estendem-se, como na dos pisos sintéticos, usados nos campos desportivos, que terão oito anos para a adaptação.
Também nos cosméticos os prazos de adaptação variam. Há situações em que a restrição de não usar os microplásticos entra em vigor imediatamente, enquanto noutras "pode levar até 12 anos", explica Susana Fonseca.
As medidas adotadas esta segunda-feira, pela Comissão Europeia restringem a venda de produtos aos quais tenham sido adicionados intencionalmente microplásticos, incluindo purpurinas soltas, cosméticos ou dispositivos médicos.
"[Os microplasticos] podem ser adicionados
em vários contextos para dar mais características aos produtos. Portanto, esta
iniciativa de restrição cinge-se ao conjunto de microplásticos
que são intencionalmente adicionados aos produtos", diz a investigadora da Universidade de Lisboa
Há outros microplásticos, digamos secundários e que são libertados por outros tipos de produtos, por exemplo, as redes de pesca. E que para já estão fora do âmbito das medidas tomadas pela Comissão Europeia.
Nas contas da Comissão Europeia, a medida vai evitar a libertação de cerca de meio milhão de toneladas de microplásticos no ambiente.
Para além de serem encontrados nos vários ecossistemas, os microplásticos também estão no corpo humano e de outros seres vivos, podendo ser nocivos para a saúde.
"Eles estão em todo o lado e, portanto, pelas características que têm, pelo facto de poderem conter as próprias substâncias perigosas que depois vão entrar dentro do nosso organismo e do nosso corpo", reitera Susana Fonseca