A Associação da Indústria Farmacêutica sensibiliza o Governo para a necessidade de atualizar o preço de alguns medicamentos, sobretudo os mais antigos e mais baratos, face ao aumento dos custos de produção provocados pela crise energética, agravados pela guerra na Ucrânia.
João Almeida Lopes, o presidente da Apifarma, diz à Renascença ser preciso “olhar para os preços dos medicamentos mais antigos e mais baixos com algum cuidado, para que não virmos a ter problemas de abastecimento. Obviamente, a última coisa que queremos é que possam faltar medicamentos no mercado.”
“Há também muita importação, nomeadamente de princípios ativos provenientes da Índia e da China, e os contentores variam de mês para mês, mas no mínimo quadruplicaram os preços relativamente àquilo que seria o preço médio do ano passado”, salientou, ressalvando que este aumento de preços foi agravado pela guerra na Ucrânia, mas já se vinha a sentir.
Já no final de 2021, havia um forte aumento de preços ao nível dos transportes e da energia devido à dificuldade de transporte com origem na China, “o que tem criado problemas de rutura e de manutenção das cadeias de abastecimento, que é um assunto que preocupa tanto a indústria farmacêutica como o aumento de preços”.
“As cadeias de abastecimento estão cada vez com maiores debilidades, o que, para minimizar, obriga a aumentar os 'stocks', a antecipar encomendas numa conjuntura de preços altos, tendo assim aqui uma série de fatores que contribuem muito negativamente para a estrutura de custos de produção da indústria farmacêutica”, sublinhou.
Ao contrário de outros setores, os sucessivos aumentos dos encargos com a produção e distribuição de produtos farmacêuticos, causados inicialmente com a crise energética e agravados agora pelos efeitos da guerra na Ucrânia, não podem ser compensados pelo aumento do preço dos medicamentos, cujas margens são estipuladas pelo Estado.