D. Tolentino Mendonça: "Em nenhum momento a vida humana é descartável"
26-05-2023 - 22:00
 • Ana Catarina André

Na conferência de encerramento dos 55 anos da Universidade Católica, o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação sublinhou o papel “pioneiro da instituição” e abordou cinco recursos espirituais elementares, dizendo que o “principal é sempre a pessoa humana”

O Cardeal Tolentino Mendonça afirmou esta sexta-feira, na Universidade Católica, em Lisboa, que “em nenhum momento a vida humana é descartável”. “A nossa grande tarefa é descobrir o que somos. Temos de olhar para a vida com renovado apreço e reencontrada veneração”, afirmou o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, que proferiu a conferência “Que Recursos Espirituais para Enfrentar o Futuro?”, no encerramento das comemorações dos 55 anos da Universidade Católica.

Ao longo da conversa, como lhe chamou, D. Tolentino Mendonça apresentou cinco recursos espirituais “elementares” e “universais”. “O principal é sempre a pessoa humana”, sublinhou desde logo, advertindo que a “universidade não é uma empresa, não é uma indústria de ideias, mas um espaço onde se gera um novo pensamento e uma nova visão”.

D. Tolentino descreveu o espanto como “contacto com a vida que é maior do que nós” e a relação “como chave da realidade”. “Precisamos da ousadia de realizar alianças entre saberes, mesmo entre aqueles que parecem distantes”, disse.

Diante de um auditório com mais de uma centena de pessoas, o cardeal e poeta defendeu que o “verdadeiro educador deve ser mestre do risco” e sublinhou que “uma universidade é o lugar ideal para pôr em prática a cultura da esperança de que tanto fala o Papa”.

“Os perigos de uma globalização, da indiferença e do medo põem em causa a defesa da nossa casa comum. O Pacto a construir deverá ser com um futuro que pratique mais decididamente um diálogo transversal de saberes, porque os desafios que aí vêm são cada vez mais transversais”, afirmou, dizendo que só assim “podemos aproximar as pessoas e encontrar novas formas de cooperação”.

No final, D. Tolentino Mendonça destacou ainda o papel “pioneiro” da Universidade Católica. “Está na vanguarda da excelência nos campos de ensino e aprendizagem, trabalhando numa relação académica de proximidade, apostando numa investigação original e de ponta.”

“Raramente Lisboa será tão bela como com um milhão e meio de jovens”

No final, em declarações aos jornalistas, D. Tolentino Mendonça disse ainda que a Jornada Mundial da Juventude será uma ocasião para “Portugal abrir as portas ao futuro que os jovens representam”.

“Penso muitas vezes que raramente Lisboa será tão bela como com um milhão e meio de jovens pelas ruas como mensageiros credíveis de uma Esperança”, afirmou no fim aos jornalistas. “Certamente a mensagem que o Santo Padre trouxer aos jovens, à sociedade portuguesa, aos jovens portugueses, aos jovens do mundo inteiro será uma palavra de confirmação e de estímulo dessa procura esperançosa de um mundo melhor”.