Portugal foi esta semana o país do mundo com mais novos casos e mais mortes por milhão de habitantes na pandemia de Covid-19 e os especialistas alertam para a possibilidade de se chegar à primavera com os piores números do planeta acumulados na proporção para o total da população.
A trajetória das linhas portuguesas de contágio continua visivelmente demarcada da média dos outros estados-membros da UE, mas reduziu o crescimento nos últimos dias. Os números da próxima semana serão decisivos para perceber se o abrandamento se consolida e, mais importante, se desenha uma tendência de regressão nas infeções e alívio da pressão nos hospitais.
Neste pano de fundo, o presidente reeleito falou ao país, deixando antever que o novo confinamento irá durar, pelo menos, até final de março. O Presidente da República na sua intervenção mais dura desde o início da pandemia alertou para “o número de mortos que cresce a um ritmo que há meses era inimaginável”. E, prosseguiu, “com ele cresce a perigosa insensibilidade à morte. Com essa insensibilidade cresce a negação do estado de emergência, do confinamento”.
“O que for feito até março, inclusive, determinará o que vai ser a primavera, o verão e, quem sabe, o outono”, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, concluindo que “joga-se tudo nas próximas semanas”.
O choque da realidade interpela a sociedade e os decisores políticos. Ser o pior país do mundo em mais de 200 não pode ser um dado explicado apenas pela falta de sorte, mas por erros e insuficiências num vasto conjunto de circunstâncias. O que correu mal na análise de informação e na antecipação de riscos? O que falhou de substantivo no comportamento social?
São algumas das perguntas para a análise de D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, Rosário Gamboa, professora universitária e deputada do PS e Nuno Botelho, presidente da ACP – Câmara de Comércio e Indústria.