A coordenadora do BE, Catarina Martins, afirmou esta quinta-feira que o texto comum que está a ser trabalhado para uma nova comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD) permitirá a investigação das operações do banco desde 2000.
"O BE empenhou-se, mal as condições estavam reunidas, num texto comum de todos os partidos, parece-nos que é a melhor forma para uma nova comissão de inquérito à CGD. Esse texto comum, que está a ser trabalhado, pela parte do Bloco de Esquerda achamos que o texto está bem, está encerrado. Por nós entra assim agora mesmo de manhã", disse aos jornalistas Catarina Martins, no final de uma viagem de barco entre Cacilhas e Lisboa.
Segundo a coordenadora do BE, "é um texto que permite a investigação das operações da Caixa desde o ano 2000", abrangendo "vários Governos" e "as decisões da Caixa que tiveram impacto na área financeira da Caixa, mas também nas operações em que a Caixa se cruzou com o BPN, com o BCP".
"Ir até ao ano 2000 é para nós essencial para se perceber a história da crise financeira e da forma como milhares de milhões de euros desapareceram no nosso país", insistiu.
Há trabalho que "já foi feito", lembrou Catarina Martins, que vem da comissão inquérito anterior.
"A ideia é que esta comissão de inquérito possa acrescentar mais ao que já há, não temos de rever tudo aquilo que já foi estabelecido. O que já foi estabelecido, trabalhamos a partir daí. Agora muitos dos movimentos que estiveram na origem até da crise financeira, é preciso ir até ao ano 2000. Senão formos ao ano 2000 não compreenderemos o que aconteceu", defendeu.
Combinando a auditoria da EY que existe "com as alterações à comissão de inquérito e com a própria posição da Procuradoria-Geral da República, que diz que a auditoria da Caixa deve ser enviada ao parlamento", na opinião de Catarina Martins, "estão reunidas as condições para continuar esse processo de investigação".
Para a líder bloquista, "é importante que os partidos todos tenham esse texto comum porque era a melhor maneira de começar uma comissão de inquérito".
"Ou temos todos vontade de a fazer, para no curto tempo que esta legislatura tem possamos fazer todo o trabalho que é preciso fazer, retirar as conclusões – que acho que é isso que é exigido à Assembleia da República – ou se houver partidos a tentarem atrasar será mais difícil que ela seja consequente", avisou
O Parlamento, segundo Catarina Martins, já mostrou, tanto no caso do BPN como no do BES, que "tem a capacidade para compreender, para investigar, para gerar até dados novos que entregou ao Ministério Público que foram importantes para investigações que estão em curso".
"Podemos fazê-lo também com a Caixa, haja para isso vontade. É para isso que o BE está a trabalhar", concretizou.
Para a líder do BE, "esta comissão de inquérito não põe em causa minimamente o trabalho da Caixa".
"Pelo contrário, consideramos que saber o que é que se passou apenas reforça a caixa e tirar consequências e responsabilidade de todos os atos que tenham sido lesivos do interesse público é importante para a própria confiança no sistema financeiro", afirmou.
O CDS-PP está a recolher "contributos de vários grupos parlamentares" para tentar "um entendimento e texto" comum para a proposta de inquérito parlamentar à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), disse fonte centrista na quarta-feira, à Lusa.