Fabíola e Gustavo. Uma história de amor que nasceu numa JMJ
26-06-2023 - 06:42
 • Ângela Roque

Ela é jornalista, ele designer gráfico. Conheceram-se por causa da Jornada Mundial da Juventude - Rio de Janeiro 2013. Já casados trabalharam na JMJ de Cracóvia, na do Panamá e agora na de Lisboa. Em entrevista à Renascença contam que se sentem “honrados” por servir a Igreja como casal. Esperam ser vistos como “influencers de Deus” e inspirar outros jovens a não terem medo do compromisso a dois.

“Muitos pedidos de noivado são feitos durante a Jornada”, conta Gustavo Huguenin. O designer gráfico, de 37 anos, não esconde a alegria de ter conhecido a mulher da sua vida na JMJ do Rio de Janeiro, cuja preparação já vivia intensamente, depois de ter vencido o concurso para o logotipo dessa edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Fabíola Goulart, hoje com 36 anos, era de longe, da diocese de Florianópolis, mas foi trabalhar como jornalista voluntária no Comité Organizador Local da JMJ, e quando o encontro com o Papa decorreu já namoravam há seis meses. “A Jornada foi-nos aproximando naquele ano de 2012. Ficámos muito amigos por causa dos eventos que aconteceram em várias partes do Brasil, por causa da Jornada”, conta.

O trabalho intenso foi uma espécie de prova ao amor que sentiam. “Dizíamos: se o nosso namoro sobreviveu à Jornada, sobreviveria a qualquer coisa! Eu admirava a dedicação e o zelo do Gustavo. Acho que isso tudo ajudou a nos apaixonarmos ainda mais”.

Ficaram noivos em 2014, e o local não foi escolhido ao acaso. “O pedido foi feito na areia de Copacabana, onde decorreu a Jornada”.

Já casados, em 2015, foram chamados para trabalhar na Jornada Mundial da Juventude de Cracóvia. Viram no convite mais um “sinal de Deus”, e foi assim que passaram o primeiro ano em família na Polónia. Ela era responsável pelos trabalhos em língua portuguesa no site e redes sociais, que por sua vez ele coordenava.

“O meu sonho era abraçar o Papa”

Apenas duas semanas depois de estarem chegado à Polónia tiveram oportunidade de ir a Roma receber a bênção dos recém casados, que o Papa concede após as audiências-gerais de quarta-feira.

“Naquele dia, havia centenas e centenas de noivos. Ela estava de vestido de noiva, eu de fato, parecia um dia incomum”, conta Gustavo. Chegar a Francisco não era fácil, mas conseguiram. “Demos aquele jeitinho brasileiro. O meu grande sonho era abraçar o Papa, e ele me deu um abraço bem generoso, de bochecha com bochecha, um abraço bem latino. E contámos a nossa história”, recorda Fabíola.

Se a JMJ também é conhecida por ser um “celeiro de vocações”, não é não só de “sacerdotes ou irmãs consagradas, mas também do matrimónio, que é um Sacramento. Muitos pedidos de noivado são feitos durante a Jornada”, afirma Gustavo, que diz que se sentem “honrados” em poder servir a Jornada e a Igreja como casal, e esperam ser vistos como “influencers de Deus, como diz o Papa”, inspirando outros jovens a não terem medo do compromisso a dois.

“Dizer ‘sim’ ao matrimónio. Não é só a questão dos filhos. Hoje há uma inclinação para o egoísmo. Esta entrega um para o outro é muito desafiadora no mundo de hoje, mas acredito que o nosso testemunho mostra que é bom partilhar, construir caminho juntos, que se é feliz”.

“Também é possível caminhar para a Santidade como casal, como família. Não é preciso ter medo de tomar decisões definitivas”.

Voluntários na JMJ Lisboa

A ligação de Fabíola e Gustavo à JMJ não se ficou pelo Rio e Cracóvia. A longa experiência de comunicação em comités organizadores locais das Jornadas levou a mais um convite, para a edição do Panamá, em 2019 - onde estiveram dois meses – e agora para a edição em Lisboa. Chegaram em meados de junho e estão entusiasmados. “Uma nova Jornada em língua portuguesa mexeu com o nosso coração”, diz Fabíola, que acredita que o encontro em Portugal “será inesquecível” e que os peregrinos “se sentirão bem acolhidos, com essa hospitalidade portuguesa que nós já estamos sentindo”.

“A JMJ é uma experiência fantástica e espero que muitas famílias possam abrir as suas casas. Não tenham medo, os peregrinos são pessoas maravilhosas e vão dar um grande testemunho, como aconteceu no Brasil, onde depois da Jornada tivemos a Copa do Mundo e as Olimpíadas, e até hoje se fala de como os peregrinos da Jornada Mundial da Juventude são diferentes, pela sua amabilidade, generosidade e alegria”.

Gustavo lembra que, além do retorno em termos económicos, no Rio as vocações aumentaram “quase para o dobro depois da JMJ”, com “novos seminaristas e religiosos”, e houve um fortalecimento das paróquias. A dimensão do evento pode assustar, mas diz que é preciso confiar.

“A nossa experiência fez-nos perceber que nenhuma cidade do mundo está preparada para receber uma JMJ, mas somos católicos e acreditamos que se Lisboa vai receber a Jornada é porque precisa, para trazer esse ânimo para a fé e para uma Igreja mais ativa. Existe o legado na sociedade, o legado pastoral e o espiritual. A transformação não se vê na semana seguinte, é a longo prazo”.

E acrescenta: “Deus escolheu Lisboa, escolheu Portugal, para que faça parte da história da JMJ, e daqui para a frente todas as Jornadas lembrarão disso”.

No final da JMJ Lisboa, em agosto, voltarão para o Brasil, onde Fabíola Goulart trabalha na comunicação da diocese de Florianópolis, onde hoje vivem. Gustavo Huguenin está ligado ao projeto internacional ‘twitando com Deus’, que vai marcar presença na Feira Vocacional da Jornada.


A Renascença falou com Gustavo na Jornada de Cracóvia, em 2016. Recorde o artigo.