É inaugurado esta segunda-feira o novo centro do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa que vai ter lugar para mil investigadores.
Abre portas em Alvalade, Lisboa, tem uma área de nove mil metros quadrados e representa um investimento de quase 20 milhões de euros (quase oito milhões de fundos euros, cinco milhões do Orçamento de Estado e quase sete milhões de receitas próprias do ISCTE). Chama-se oficialmente “CVTT - Centro de Valorização e Transferência de Tecnologias”.
O edifício, construído inicialmente nos anos 60, foi adquirido pelo estabelecimento de Ensino Superior e levou 12 anos a ver a luz do dia, mas hoje é o dia.
À Renascença, a reitora do ISCTE, Maria de Lurdes Rodrigues, lembra que o “ISCTE é uma universidade com umas 16, 17 áreas disciplinares que vão desde a engenharia à gestão, das ciências sociais à economia” e que o que se pretende agora é juntar num só espaço, os “centros e investigadores destas diferentes áreas”.
“A ideia é que, do convívio de um espaço dedicado ao trabalho colaborativo, possamos ter novas condições para um trabalho interdisciplinar que é a exigência hoje do futuro da produção de conhecimento”, aponta.
Com cerca de 13 mil alunos, os responsáveis do ISCTE sentiam necessidade de ter mais espaço para as atividades letivas. No entanto, este edifício, que um dia acolheu os serviços do Instituto de Mobilidade Terrestre, não tinha características que permitissem a adaptação a salas de aulas. Assim, surgiu a ideia de juntar os investigadores, libertando os espaços que estes ocupavam nos restantes edifícios do ISCTE.
Fizeram-se as obras, acrescentou-se um piso e fez-se um espaço “quase sem gabinetes individuais de trabalho”, privilegiando o tal trabalho colaborativo, e com “muitas zonas de interrupção, de pausas para trabalho, para que a pessoas possam conversar mais informalmente sobre os seus projetos”.
Maria de Lurdes Rodrigues admite que o ISCTE inspirou-se nalguns exemplos, poucos, que existem na Europa. Em Portugal, este centro é uma “ideia disruptiva” e “inovadora no panorama nacional” que, diz a reitora, “espera que se constitua como uma boa prática e que se se difunda por todo o espaço do Ensino Superior”.
Melhores condições, mais talentos em Portugal
Nestas declarações à Renascença, a reitora do ISCTE diz ainda que a requalificação dos espaços onde se faz ciência é uma forma de tornar Portugal um país atrativo quer para reter os talentos portugueses, quer para chamar os cérebros internacionais. No entanto, nesta matéria de dar boas condições de trabalho, Maria de Lurdes Rodrigues reconhece que é necessário implementar outras medidas urgentes, dando como exemplo a carreira de investigação.
“A inexistência de uma carreira de investigação sólida no nosso país, nas universidades, é um obstáculo a reter investigadores no nosso sistema científico”, diz.
No entanto, assegura que, como responsável de uma instituição do Ensino Superior, “não sente frustração”. Maria de Lurdes Rodrigues lembra que Portugal partiu de padrões de formação baixos e destaca que é inegável a evolução do país.
“Temos de fazer o caminho, perceber o que nos faltar e fazer o que nos falta”, remata.
A inauguração do novo edifício do ISCTE vai contar com a presença do primeiro-ministro, António Costa, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, a ministra da Ciência, a ministra da Coesão Territorial e o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.