Imigrantes são “ícones da Sagrada Família”, diz Papa
18-01-2018 - 14:28
 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez

Francisco diz que a sociedade deve estar atenta a todas as formas de injustiça, particularmente a que for cometida contra os mais vulneráveis.

O Papa Francisco comparou os imigrantes a “ícones da Sagrada Família”. Falando esta quinta-feira, em Iquique, no norte do Chile, durante uma missa campal, Francisco referiu-se ao facto de esta região ser conhecida por acolher pessoas que a ela acorrem para tentar melhorar a sua vida.

"Iquique" significa “terra de sonhos” na língua indígena aymara e o Papa disse que esta é uma região que sempre “soube albergar pessoas de diferentes povos e culturas que tiveram de deixar os seus queridos e partir.”

“Uma saída sempre baseada na esperança de obter uma vida melhor, mas sabemos que sempre se faz acompanhar por bagagens carregadas de medo e incerteza pelo que virá. Iquique é uma região de imigrantes que nos lembra a grandeza de homens e mulheres; de famílias inteiras que, perante a adversidade, não se dão por vencidas mas mexem-se à procura de vida", afirmou.

“Eles – sobretudo quantos têm que deixar a sua terra, porque não encontram o mínimo necessário para viver – são ícones da Sagrada Família, que teve de atravessar desertos para poder continuar a viver”, disse Francisco, que desde a sua eleição tem feito da defesa dos direitos e da dignidade dos refugiados e dos migrantes uma das suas grandes causas.

O Papa disse também às centenas de milhares de fiéis presentes na missa que todos têm obrigação de estar atentos às necessidades dos mais vulneráveis na sociedade. “Estejamos atentos a todas as situações de injustiça e às novas formas de exploração que fazem tantos irmãos perder a alegria da festa. Estejamos atentos à situação de precariedade do trabalho que destrói vidas e famílias. Estejamos atentos a quem se aproveita da irregularidade de muitos migrantes porque não conhecem a língua ou não têm os documentos em ordem. Estejamos atentos à falta de tecto, terra e trabalho de tantas famílias.”

Francisco fica em Iquique apenas algumas horas. A seguir à missa almoça com a sua comitiva e ao fim da tarde, hora de Lisboa, parte do Chile rumo ao Peru.

O voo para Iquique foi marcado pelo insólito da realização a bordo de um casamento, presidido pelo Papa, entre Carlos e Paula, dois assistentes de bordo que ainda não tinham casado pela Igreja.

O Papa ficará no Peru alguns dias, tendo viagem de regresso a Roma marcada para a noite de domingo.


Renascença no Chile e Peru com o Papa Francisco. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa