"Cartas da Nigéria". Quatro estrangeiros detidos pela PJ
22-06-2023 - 16:25
 • Lusa

Organização criminosa dedicava-se a burlas e operava em vários países. Três dos arguidos estão em prisão preventiva.

A Polícia Judiciária (PJ) fez três buscas domiciliárias e deteve quatro cidadãos estrangeiros que integravam uma organização criminosa dedicada a burlas conhecidas como "cartas da Nigéria".

De acordo com o comunicado da PJ, os quatro suspeitos têm entre 27 e 55 anos e estão "fortemente indiciados pelos crimes de associação criminosa, burla qualificada, falsificação de documento e branqueamento". Os quatro foram presentes a juiz, que aplicou a medida de coação de prisão preventiva a três dos arguidos.

O esquema durava desde 2022 e tinha levado a uma primeira operação policial, em maio do ano passado, em conjunto com autoridades espanholas, britânicas e americanas (sob a coordenação da Europol), que resultou na detenção de 16 pessoas em Portugal.

Segundo a investigação da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, as burlas terão lesado em centenas de milhares de euros pessoas nos Estados Unidos da América e em França, entre outros países.

"O modus operandi assentava no envio massivo de cartas para os mais diversos países, redigidas em variadas línguas e, supostamente, remetidas por escritórios de advogados, invocando a existência de uma herança de que seriam beneficiárias, na ordem de vários milhões de euros, devido ao falecimento de um pretenso familiar, residente em Portugal", lê-se na nota da PJ sobre esta operação "Inheritance II" (Herança 2).

Depois da resposta à carta, era pedido às vítimas o envio de dados pessoais ou documentação, seguindo-se a emissão por parte da organização criminosa de documentos supostamente provenientes das autoridades públicas ou de instituições bancárias, "com selos, carimbos e assinaturas falsas".

"Posteriormente, era solicitado às vítimas o pagamento sucessivo de montantes diversos, a título de custos relacionados com seguros, taxas bancárias/administrativas e impostos", explicou a PJ, sublinhando que eram também enviadas cartas relativas a um alegado prémio monetário para as vítimas, que teriam de ir fazendo alguns pagamentos para poder vir a ter acesso ao dinheiro de um prémio inexistente.