Pelo segundo dia consecutivo, o Ministério das Finanças volta a falar da troca de cartas com Bruxelas por causa do processo de capitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Em comunicado, o gabinete do ministro Mário Centeno faz saber que “as cartas que têm vindo a público correspondem a momentos específicos das negociações, tanto com a actual administração, como com as instituições europeias e reflectem o processo de supervisão em curso já há bastantes meses”.
O Ministério das Finanças assinala, por outro lado, a “evolução muito positiva nas negociações com as autoridades europeias no sentido da concretização, a curto prazo, daquela que será a solução e o garante da estabilidade que uma instituição como a CGD exige”.
Assumindo que o processo em curso visa preservar a estabilidade da Caixa, o Governo recorda que o plano de capitalização tem sido algo de diálogo diário com as autoridades europeias.
Esta é a segunda intervenção no espaço curto de 24 horas do Ministério das Finanças sobre a questão da Caixa.
A primeira foi desencadeada por uma intervenção do ex-líder do PSD e actual comentador Luís Marques Mendes, que garantiu ter tido acesso a uma carta enviada pelo Banco Central Europeu (BCE) à Caixa Geral de Depósitos, na qual este levanta algumas questões, para além de deixar vários avisos e alertas. O comentador aludiu mesmo à existência de “um braço de ferro” entre o BCE, por um lado, e Governo e o novo presidente da Caixa.
Auditoria forense vai avançar
O projecto de resolução do Bloco de Esquerda (BE) para a realização de uma auditoria forense à carteira de crédito da CGD conta com o apoio de PS, PSD e CDS-PP. O PCP manifesta "sérias dúvidas" sobre a iniciativa".
A proposta esteve esta terça-feira em discussão na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa. A iniciativa do BE vai ser votada na quarta-feira, em plenário.
O projecto pede que a Assembleia da República recomende ao Governo, representante do accionista Estado, as diligências necessárias para uma auditoria forense às operações de crédito da CGD.
A Caixa Geral de Depósitos tem estado no centro do debate público, num momento em que está em processo de mudanças, com reestruturação do grupo e alterações na equipa de gestão, que se tem atrasado devido à falta de acordo entre o Governo e Bruxelas quanto ao aumento de capital do banco, que poderá ascender a 5.000 milhões de euros.