As três medidas apresentadas esta quinta-feira pelo Governo, para quem está a pagar a casa ao banco, não vão ser suficientes “para alguns casos mais difíceis”, mas “representam uma ajuda muito importante para as famílias”. É a primeira reação de Nuno Rico, economista da Deco Proteste, ao pacote de apoios hoje anunciado, no final do Conselho de Ministros.
Um dos aspetos positivos da redução e estabilização da prestação é que não depende da banca, é uma medida que “dá o poder ao consumidor de travar a evolução da prestação”, diz Nuno Rico.
Esta proposta “traz um modelo estandardizado de renegociação, em que pode ser um consumidor a assinar, não estando aqui dependente da boa vontade do banco ou das próprias propostas que os bancos estão a apresentar”.
Dois anos podem não ser suficientes
Este economista diz que se andou a perder tempo. “Esta medida já podia ter sido tomada, uma vez que não tem implicações orçamentais, e poderia já ter ajudado muitas famílias, entretanto”.
Por outro lado, “os dois anos é temporalmente algo reduzido, uma vez que há uma expectativa que os juros se mantenham altos durante algum tempo”, sublinha Nuno Rico.
“Talvez daí esteja criado aquele período depois transitório, entre a prestação fixa e a reposição diferida do capital, provavelmente já a prever a fixação da prestação por outros dois anos,” admite o economista.
No anúncio de hoje a Deco Proteste defende ainda que ficou a faltar uma medida que tornasse a oferta de taxa fixa mais competitiva.
Apesar dos bancos estarem obrigados desde março a apresentarem propostas de crédito para taxa fixa, “como não houve nenhum enquadramento, ela continua a não ser atrativa”, defende Nuno Rico.