Marcelo “apoiou Passos e a austeridade”. Nóvoa tem “história de vazio”
07-01-2016 - 23:08

O currículo, o tipo de presidência, os gastos com a campanha foram alguns dos pontos de discórdia entre os dois candidatos a Belém.

Os candidatos presidenciais Marcelo Rebelo de Sousa e Sampaio da Nóvoa estiveram esta quinta-feira frente a frente na SIC, num debate marcado por críticas sobre o passado de cada um.

Sampaio da Nóvoa começou o debate ao ataque. O antigo reitor da Universidade de Lisboa acusou Marcelo Rebelo de Sousa de ser “o homem que se bateu nas eleições legislativas pela defesa de Passos Coelho e Paulo Portas”.

“Eu critiquei a austeridade, Marcelo apelou ao voto em Passos”, atirou o candidato, que não esperou pela demora.

Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que Sampaio da Nóvoa é um candidato de “facção”, que se colou ao “tempo novo” do Governo de António Costa, “contra um parte do país”.

O antigo líder do PSD rejeitou ser um defensor da austeridade cega e disse que as suas posições são conhecidas e que, “ao contrário” de Sampaio da Nóvoa, tem um currículo de intervenção na vida do país.

“Ao contrário do professor que tem uma história de vazio, de ausência. Os portugueses sabem onde estive no 25 de Novembro, na Constituinte, na revisão constitucional, na moeda única. O professor aparece agora virgem”, atirou Marcelo Rebelo de Sousa.

Sampaio da Nóvoa considera que estas afirmações de Marcelo Rebelo de Sousa são “inaceitáveis”, especialmente “num tempo em que os portugueses precisam e pedem renovação da política”.

Gastos de campanha inflamam debate

Sampaio da Nóvoa também se indignou com as crítica de Marcelo Rebelo de Sousa aos gastos previstos para a sua campanha.

“As suas afirmações sobre gastos excessivos na campanha são anti-democráticas. Marcelo participou em campanhas para Presidente com quatro vezes mais gastos. A minha campanha não tem custos de milhões , tem custos reduzidos, mas com a preocupação de levar a mensagem às pessoas. Faço-o com riscos pessoais, nomeadamente material. E isso devia ser uma coisa que um democrata devia elogiar”, argumentou o antigo reitor.

Marcelo Rebelo de Sousa ripostou: “Sabe quem meteu dinheiro na minha campanha? Fui eu. Não aceitei donativos privados” como Sampaio da Nóvoa.

Presidente herbívoro ou carnívoro?

No debate desta noite na SIC, os dois candidatos foram questionados sobre o estilo que vão adoptar se ganharem as eleições presidenciais de 24 de Janeiro.

Marcelo Rebelo de Sousa promete exercer uma “magistratura arbitral”. “O Presidente da República não pode nem deve ter um programa próprio. O programa do Presidente é a Constituição”.

“O Presidente não pode nem dever contrapoder. Não é concorrente do Governo e da Assembleia da República. Deve coadjuvar. Sobretudo um Governo em situação complexa”, defende.

Sampaio da Nóvoa considera que o Presidente da República deve ter um papel mais activo na vida do país.

“Marcelo sempre disse que um Presidente não devia ser causas, devia ser um árbitro e um moderador. Não é assim que eu leio a Constituição. O Presidente tem de ser mais do que isso, tem que ser m Presidente de causas. Não venho para deixar tudo na mesma, para deixar a política nas mãos dos mesmos”, defendeu o candidato Sampaio da Nóvoa.