O Banco Português de Gestão (BPG) terá perdoado mais de dois milhões de euros de dívida a Luís Filipe Vieira, segundo a SIC Notícias.
De acordo com a estação televisiva, que terá tido acesso a documentos da operação "CArtão Vermelho", o ex-presidente do Benfica, arguido no processo, contraiu um empréstimo de 8,5 milhões de euros para adquirir uma herdade em Almodôvar, no entanto, nunca chegou a pagar.
Em novembro de 2018, Vieira foi sido notificado de que tinha prestações em atraso, algo que, pelas regras, permitiria ao BPG exigir o pagamento na totalidade. Contudo, sabendo que o BPG poderia acionar as garantias do empréstimo, que o tinha como avalista, o então presidente do Benfica terá contacto Carlos Monjardino, à data presidente da Administração do banco.
Vieira terá pedido diretamente a Monjardino que atrasasse o processo de reavaliação do terreno dado como hipoteca, de modo a ganhar tempo e reduzir o máximo possível o valor pago pela dívida.
Monjardino terá começado por pedir 4,9 milhões de euros, no entanto, a cessão do crédito terá sido efetuada por 4,1 milhões. Segundo as contas da Autoridade Tributária, a que a SIC Notícias terá tido acesso, o negócio terá custado cerca de dois milhões de euros ao BPG.
Em declarações à SIC Notícias, Carlos Monjardino explica os contornos do acordo final, apesar de admitir que o BPG ficou a perder dinheiro. Também concede que, logo no início, "tenha sido feita uma má avaliação ou uma avaliação demasiado otimista do artigo dado em garantia".
"Aquela operação estava por quatro milhões de euros. A garantia já só valia 3,5 milhões, segundo uma auditoria independente. Ainda se consegue vencer por 4,1 milhões de euros, portanto ainda se ganhou 100 mil euros em relação àquilo que estava nos livros do banco. Agora, se me disser que desde o início da operação fez perder dinheiro ao banco, fez com certeza", reconhece.
Ainda de acordo com a SIC Notícias, Luís Filipe Vieira terá pedido ao amigo José António dos Santos, conhecido como "Rei dos Frangos", para comprar a dívida do BPG. O negócio terá sido feito por uma pequena empresa chamada Página Relâmpago.
José António dos Santos terá assinado o negócio, todavia, a herdade do Alto do Castelo ter-se-á mantido em posse de Vieira. Semanas depois, o então presidente do Benfica terá sido apanhado em escutas a assumir que teria de pagar ao amigo o dinheiro que lhe devia.
Carlos Monjardino não esconde que "foi uma operação muito má" para o Banco Português de Gestão.