A CP vai gastar mais de 4,1 milhões de euros num novo contrato para o serviço rodoviário de substituição da Linha da Beira Alta, que pode durar até agosto de 2024. Os atrasos nas obras do programa Ferrovia 2020 forçam a empresa a continuar a recorrer a autocarros para fazer o transporte dos passageiros da linha, que está fechada desde abril de 2022.
Segundo o anúncio do concurso, publicado esta quinta-feira em Diário da República, o serviço rodoviário de substituição aplica-se aos percursos entre Guarda e Coimbra, Mangualde e Coimbra, e Guarda e Vilar Formoso – o que corresponde a toda a extensão da Linha da Beira Alta, encerrada devido às obras do programa Ferrovia 2020.
De acordo com o caderno de encargos, são previstas quase 7.700 viagens de autocarro, por um preço máximo acima de 3,3 milhões de euros – ao qual acresce o IVA de 23%.
Este serviço rodoviário de substituição não é novidade. Segundo os concursos publicados em Diário da República, este serviço começou a 1 de setembro de 2022. O novo contrato começa a 1 de janeiro de 2024, dia seguinte ao fim do contrato atual, e tem uma duração máxima de oito meses.
Contactada pela Renascença, a CP esclareceu que o concurso público foi lançado “como medida de continuidade”. O prazo de oito meses, diz a transportadora pública, é “apenas preventivo”, já que “é mais simples antecipar o término do contrato assim que a linha reabrir, do que prolongar o mesmo em caso de atraso”.
A CP afirma ainda que, “em virtude dos conhecidos atrasos nas obras da Linha da Beira Alta, é imperativo garantir que o transporte dos passageiros continue a ser assegurado por autocarros, mantendo a dinâmica que tem sido adotada desde o início das obras”.
As obras de modernização da Linha da Beira Alta deviam ter ficado concluídas no início de 2020. Em vez disso, começaram apenas no final de setembro de 2021, e a linha fechou em abril de 2022 para o que seriam nove meses de obras.
Mas já passaram 18 meses desde que a linha foi encerrada, e o prazo de reabertura – 12 de novembro de 2023 – estabelecido por João Galamba, o atual ministro das Infraestruturas, parece cada vez mais difícil de cumprir quando ainda é preciso fazer trabalhos com recurso a explosivos – algo confirmado pela Renascença junto da Infraestruturas de Portugal (IP).
Nessa mesma resposta, de 26 de setembro, a gestora da rede ferroviária portuguesa declarou que "não é possível garantir" que todos os sistemas possam estar em funcionamento na data estabelecida por João Galamba.
De acordo com o jornal Público, até 14 de outubro a IP não tinha comunicado formalmente à CP uma data de reabertura da Linha da Beira Alta.